geográfica, a Terra de Miranda; pode também por este lado não merecer o nome de língua, embora, se os seus fenômenos fossem extremamente importantes, a consideração da ideia de literatura e de nação nada valesse, como acontece com o vasconço, que é língua, e de nenhum modo dialeto".(9)Nota do Autor
Do que acabamos de transcrever, claramente se depreende que, por três razões, poderia o mirandês ser considerado língua: a) se fosse instrumento de uma literatura; b) se fosse órgão de uma nação; e) se os fenômenos fossem extremamente importantes.
Neste último caso, independentemente de literatura e de órgão de uma nação, seria, como o vasconço, uma língua.
Mas como não tem literatura, e não é idioma de uma nação, nem tem "fenômenos extremamente importantes", o mirandês não é língua. De qualquer sorte, se verifica que, para Leite de Vasconcellos, bastaria a condição de ser "ÓRGÃO DE UMA NAÇÃO" para que o idioma de Terra de Miranda merecesse a denominação de língua.
Para o mestre da filologia portuguesa, a condição política é suficiente para conferir a uma fala a categoria de língua.
Idêntica é também a lição de LITTRÉ.
Na sua "HISTÓRIA DA LÍNGUA FRANCESA", claramente demonstrou ele como, graças ao factor de ordem política, é que, dentre os dialetos, se constituiu o FRANCÊS.
Foi a unidade nacional, a centralização do poder político que deu à língua d'oil, ao dialeto da Ilha de França, a prerrogativa de língua.
Na página do insigne pensador vemos ainda uma vez como a passagem de um dialeto à condição de língua é fenômeno de natureza política.
Traçando a formação da língua da sua pátria, escreveu o sábio francês: