Língua brasileira

O mesmo pensamento, de referência à ação política na formação de uma língua comum, se encontra em VENDRYES. "O dialeto", diz ele, "é antes de tudo uma entidade linguística. Ainda quando se leve em conta as circunstâncias externas na constituição dos dialetos, resta sempre que estes repousam essencialmente sobre um desenvolvimento natural dos elementos da linguagem.

Não acontece o mesmo com a língua comum. Esta se define SEMPRE POR CIRCUNSTÂNCIAS ESTRANHAS À LINGUAGEM. É devida à extensão de um poder político organizado, à influência de uma classe social preponderante ou à supremacia de uma literatura; qualquer que seja a origem que se lhe reconheça, há sempre RAZÕES POLÍTICAS, SOCIAIS ou ECONÔMICAS que contribuem para mantê-la".(14)Nota do Autor

"Não tem a importância que hoje se concede", escrevia BEJARANO, já em 1902, "a distinção entre língua e dialeto, SEM QUE EM RIGOR HAJA OUTRA DIFERENÇA SENÃO A DE SER LINGUAGEM OFICIAL DE UMA NAÇÃO OU NÃO SÊ-LO. O galego e o castelhano se encontravam, no princípio da reconquista espanhola, um em face do outro, e ainda mais formado e maduro o primeiro. Se a série de circunstâncias que motivaram a preponderância de Castela se tivessem dado em ordem inversa, o galego seria o idioma e o castelhano o dialeto. Mais ainda: o galego dilatou-se pelo ocidente da Espanha e recebeu o nome de português, sendo língua oficial na nação vizinha e saltando o Atlântico para vibrar em outros continentes.

"Uma língua pode degenerar em dialeto se o povo que a fala deixa de ser nação, como sucedeu à formosa língua provençal na França; um dialeto pode ascender à língua se o povo que a fala se organiza de maneira independente, como aconteceu ao galego em Portugal."(15)Nota do Autor

Em conclusão:

À luz do que acabamos de ver, o idioma nacional é, de

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