Brancos e pretos na Bahia. Estudo de contato racial

que a classe (de que a riqueza é um dos indícios) e não a raça, representa aí o principal critério de status.

Não se pode certamente negar que a cor e outras características raciais sejam símbolos de baixo status e, assim, constituam obstáculos para a ascensão social. Aliás, há provas deste fato por toda a parte. Que estas características, porém, não constituem as determinantes do status, é evidenciado pelos indivíduos (não raros) que, embora portadores de traços físicos africanos em grau perceptível, conquistaram posições de relevo na comunidade baiana. À medida que provam ser, ao mesmo tempo, portadores de outras características usualmente associadas a um status superior, tais como "boas maneiras", inteligência cultivada, competência profissional, riqueza, traje de gentleman, etc., tendem a libertar-se do baixo status, e a ver suas características raciais, ao menos até certo ponto, passarem despercebidas. Portanto, o fato mais importante, na determinação do status, não é nem a raça nem a cor, e sim a posse de características sociais relacionadas com a classe.

À luz desta distinção, talvez se possa compreender o que à primeira vista parece desigualdade de tratamento baseada em raça. Uma vez que esta desigualdade acompanha em grau considerável as linhas de cor, surge a tendência de pressupor ingenuamente que essa desigualdade de tratamento é semelhante à que se conhece, por exemplo, na África do Sul e nos Estados Unidos e a afirmar que existe uma relação direta entre raça e a desigualdade de tratamento ou, ao menos, entre desigualdade de tratamento e a cor. Focalizando-se, porém, a atenção nos homens de cor que subiram de status e que, por esta razão, já não sofrem o mesmo grau de oposição que pesa sobre seus companheiros que ainda não subiram, vê-se que a relação entre a desigualdade de

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