Viagem Militar ao Rio Grande do Sul

algumas das quais são completamente privadas de luz e somente recebem o ar através das outras; entre as duas filas de leitos, o espaço é apenas de pouco mais de um metro de largura, e a distância entre os leitos, em cada fila, poderá ser, em média, quando muito, de 40cm.

Parece que a mortalidade tem sido por ora de nove por cento, lisongeira proporção em tão desfavoráveis condições. Deve, porém, observar-se que os indivíduos atacados de doença mais perigosa, a varíola, se acham em outro estabelecimento fora da cidade. Aqui a maioria dos casos são de febre catarral, doença ordinariamente pouco grave e natural consequência da mudança de clima que experimentam os habitantes do Norte do Império, mesmo quando chegam do Rio de Janeiro no coração do inverno. Olhando para as tabuletas penduradas à cabeceira dos doentes, tive ocasião de observar que a maioria deles têm menos de 23 anos e que muitos só têm 18. Outro pormenor: diz-me o médico-chefe que a maior parte dos hospitalizados já chegaram do Norte doentes. Tem ele às suas ordens somente quatro médicos, e, como um se encontra de serviço no hospital de variolosos, restam apenas três para cerca de 200 doentes, que este hospital contém. Parece-me que o governo podia remediar esta deficiência. O outro inconvenien- te, a exiguidade do edifício, é que é mais difícil de fazer desaparecer, pois que de outra casa não se dispõe. O primeiro quartel que visitamos, o do batalhão 28°, é tão úmido que de certo nada ganhariam os doentes, se se fizesse a troca; e a outra ala deste mesmo edifício, a que se encontra agora desocupada e que parece espaçosa e arejada, peca por o ser de mais; em tais condições está o telhado, que chove por entre as telhas.

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