Nossas relações, porém, se estreitariam epistolarmeme, e, mais tarde, quando o Conde d'Eu esteve no Rio de Janeiro em 1921.
Quase diariamente estávamos juntos e frequentes foram nossos passeios em automóvel. Uma tarde, mesmo, deu-nos ele a honra de uma visita à nossa casa, detendo-se em longa e agradável palestra.
Assisti no Palace-Hotel, onde se achava hospedado, a várias cenas que lhe confirmavam a estupenda memória.
Certa manhã foi visitá-o um cavalheiro da família Miranda Montenegro.
Ao entrar fez uma reverência, o Conde encarou-o e de pronto chamou-o pelo nome de batismo e nos disse havê-lo conhecido menino, na fazenda de seus genitores, contando pitorescamente varios incidentes ocorridos, inclusive o da passagem numa pequena ponte carcomida, do que resultou um, banho nada confortável.
De outra vez, foi um ancião de grandes barbas brancas, calças da mesma cor e um fraque, antigo modelo.
Ao vê-lo, o Conde abraçou-o com enternecimento e pondo-lhe a mão na cabeça, exclamou: —"cá está ele". Era uma depressão produzida por bala na batalha de Campo Grande...
O velho chorou de prazer e beijou o príncipe.
Mas, devemos ainda dizer alguma cousa sobre três dos nossos passeios: a visita à igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, ao Convento de Santo Antônio, e à rua de Paysandu.
Viriato Corrêa descreveu-os com fidelidade e realce literário. Foi nosso companheiro; observou com percurciante inteligência.
No seu livro — O BRASIL DOS MEUS AVÓS — há dous capítulos que se ocupam daqueles passeios. Um se denomina — O marido da Redentora; o outro — Despojos abandonados.
No primeiro há estes trechos que convém inserir aqui:
"Max Fleiuss apresenta-me a suas altezas. O Conde d'Eu prende-me as mãos demoradamente nas suas, olha-me risonhamente e, ao saber-me jornalista, mais me aperta os dedos, inquire-me, quer saber onde trabalho, o que tenho feito, de onde sou; folheia o meu livro, que Fleiuss lhe oferece, estaca por acaso numa página que descreve Pedro I ao lado de José Bonifácio, assesta o "pince-nez" e depois de ler uns segundos, sorri de novo, pondo-me a mão nos ombros.