Descemos, para entrar no automóvel.
Era uma manhã de verão fulgurante e leve.
O carro rodou pela avenida Beira-Mar.
Em pouco tempo, começaram a romper os painéis de Copacabana. O conde d'Eu tinha no rosto uma expressão de criança. Era a impressão do espanto e do deslumbramento.
Bonito! Bonito! continuava a exclamar, maravilhado, os tristes olhos de velho a faiscar de comoção.
Havia na praia uma alegria matinal de ondas e de gente.
Era a hora do banho. Grupos de moças, rapazes e crianças, agitavam-se na areia branca.
Ia o sol principiando a arder, quando sua alteza manifestou desejos de visitar o palácio Guanabara.
Max Fleiuss procurou, delicadamente, contrariá-lo. O palácio Guanabara tinha sido a residência oficial do Conde e da princesa Isabel.
Para um coração de velho, rever o antigo solar dos melhores dias da juventude, esse choque devia ser profundo.
Mas sua alteza insistiu.
Ao defrontar o palácio, o Conde teve uma exclamação maravilhada:
Como está mudado!
E, descendo do automóvel, ficou diante do portão, silencioso, estático, os dois olhos molhados, rolando saudosamente à direita, à esquerda como uma evocação. Depois, voltou-se. O seu olhar estendeu-se por toda a rua Paysandu.
— Está aqui! disse-nos.
E caminhou para as três palmeiras do começo da rua.
São estas! São estas!
E palpando uma por uma as folhas das palmeiras:
— Estas três foram plantadas por Isabel.
O conde virou-se para o outro lado.
— São estas. Estas foram plantadas por mim.
Sua alteza pediu que o levassem à igreja da Glória. Subimos o outeiro pela ladeira mais suave.