Houve um silêncio brusco. Baixinho, pergunto a Max Fleiuss o nome daqueles mortos.
A imperatriz dona Leopoldina, a princesa Paula Mariana e o príncipe D. Carlos Borromeu, filho de Pedro II.
O espetáculo é de confranger.
O que eu tinha diante dos olhos era um buraco, onde os caixões fúnebres se amontoavam como fardos no porão de um navio. E um desses caixões era de d. Leopoldina, a nossa primeira imperatriz, a suave, a boa, a resignada e Santa Mulher de Pedro I. Corro o olhar por todos os presentes. O silêncio era total. O Conde d'Eu tinha os olhos molhados e uma expressão de funda amargura no rosto.
Os frades, avisados da visita, tinham procurado dar àquele recanto mortuário a solenidade que lhes estava ao alcance. Havia umas flores frescas num jarro velho, havia, na laje do chão, um tapete descorado e roto."
A narrativa de Viriato Corrêa é perfeita.
O Instituto Histórico, como lhe cumpria, celebrou uma sessão especial em homenagem ao seu mais antigo Presidente Honorário.
Affonso Celso, saudando-o, na qualidade de presidente efetivo, esteve extremamente feliz, patenteando, mais uma vez, a sua eloquência ao serviço da justiça e leu a seguinte carta, não conhecida, escrita pelo Conde d'Eu, de bordo do "Parnahyba", no ancoradouro da Ilha Grande, a 17 de novembro de 1889:
— "Aos brasileiros. — A todos os amigos que nesta terra me favoreceram com sua sincera e por mim tão apreciada afeição, aos companheiros que, há longos anos já, partilharam comigo as agruras da vida de campanha, prestando-me inestimável auxílio em prol da honra e segurança da Pátria Brasileira, a todos que, na vida militar ou na civil, até há pouco se dignaram comigo colaborar, a todos aqueles a quem em quase todas as províncias do Brasil, devo finezas sem número e generosa hospitalidade, e a todos os brasileiros, em geral, um saudosíssimo adeus e a mais cordial gratidão.
Não guardo rancor a ninguém; e não me acusa a consciência de ter cientemente a ninguém feito mal. Sempre procurei servir lealmente ao Brasil na medida de minhas forças.