Viagem Militar ao Rio Grande do Sul

Posto que a entrada do porto do Rio Grande seja aparentemente muito larga, os canais navegáveis são muito estreitos, apertados entre bancos de areia que se estendem, tanto ao meio da entrada como ao Norte e ao Sul e sobre os quais as vagas constantemente rebentam. Por isso quando, tendo entrado pelo canal do Norte, passamos o semicírculo branco formado pela espuma das vagas, o comandante veio anunciar-me com muita satisfação que já tinhamos salvado a barra. Deixando à direita a pequena povoação chamada Estação da Barra, continuamos a navegar entre duas margens igualmente chatas, igualmente arenosas e, pelo menos, tão distantes uma da outra como as do Mersey em Liverpool. Pareceu-me que do lado do Sul alguma erva crescia na areia; pelo menos, viam-se bois que pareciam estar a pastar na praia. Não tardamos a avistar e a deixar também para a direita a torre da igreja e as poucas e humildes casas de São José do Norte, vila que tem o título de "heroica" (1)Nota do Autor mas que deve ser bastante triste. Estão ali ancorados alguns navios que na outra margem não encontram a altura de água que demandam. Enfim, por detrás de uma saliência da margem do Sul depara-se-nos a cidade do Rio Grande do Sul, precedida de uma floresta de mastros. Para nos aproximarmos dela é também preciso seguir um canal sinuoso e estreito, mas bem balizado com uma série de boias. São quase 9 horas, e como o vapor, por causa dos bancos, só de dia pode fazer a maior parte do trajeto daqui a Porto Alegre, tenho de dormir aqui. Aceito a hospitalidade que me oferece o Sr. Lopes de Araújo (a quem vulgarmente

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