O Brasil de Getúlio Vargas e a formação dos blocos: 1930-1942. O processo do envolvimento brasileiro na II Guerra Mundial

CONCLUSÃO

Ao se analisar toda a política externa brasileira, isto é, da Independência aos nossos dias, o período que precede a Segunda Guerra Mundial mostra-se particularmente conturbado: um período excepcional, pois o Rio de Janeiro rompe com a calmaria de suas relações internacionais tradicionais. Esse período é tanto mais singular na medida em que o país não somente se aproxima - em vários planos - da Alemanha e da Itália, países outrora afastados de suas preocupações, mas também aproxima-se da ideologia predominante em Roma e em Berlim.

Diante dessa situação, os Estados Unidos desenvolvem, a partir de 1934, e sem interrupção até o final da guerra, uma atividade crescente que tem como único objetivo o de afastar a influência de Roma e sobretudo de Berlim sobre o hemisfério ocidental. O Brasil não escapa à luta antieixo e obterá vários benefícios da rivalidade entre a democracia e o totalitarismo.

A complementaridade das economias alemã e italiana com a do Brasil encontra-se na base do grande aumento das relações comerciais a partir de 1934. O novo plano alemão e as dificuldades do Rio de Janeiro para escoar sua produção de algodão e de café apenas contribuem para aumentar ainda mais suas relações comerciais. Pouco depois, a identidade das concepções diante do "perigo comunista" e as simpatias pró-totalitárias de alguns dirigentes brasileiros, como Filinto Müller, são favoráveis a que a cooperação "técnica" adquira um caráter político e ideológico cada vez mais acentuado. E dentro dessa perspectiva que se deve compreender a luta anticomunista germano-brasileira. Isso não impede que a colaboração entre o Eixo e o Rio de Janeiro tenha alguns limites: a presença física e política dos Estados Unidos, que, a partir da doutrina Monroe, sempre consideraram o Novo Mundo como "reserva de caça". Assim, é evidente que cada passo dado pelo governo brasileiro em direção ao Eixo antes de 1938 seja um risco calculado. A não adesão do Brasil ao Pacto Anti-Komintern é um dos exemplos dos limites da aproximação entre o Rio de Janeiro e o Eixo.

Sendo assim, como Vargas ousa impor ao país um regime corporativista de inspiração nitidamente fascista? Em primeiro lugar, o Estado Novo jamais foi legalizado, já que Vargas não organiza o referendo

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