para aprovar a Constituição de novembro de 1937. A seguir, se o regime varguista se inspira profundamente na ideologia fascista italiana e portuguesa, não se deve esquecer que ele elimina física e politicamente aqueles que os democratas brasileiros mais temem: os integralistas. Por fim, para ajudar o equilíbrio do seu jogo, Vargas não se opõe à campanha nacionalista desencadeada no sul do país. A nacionalização forçada de todas as colônias estabelecidas no país, se antes de tudo foi obra das autoridades locais, não poderia ocorrer sem o acordo - ainda que tácito - do poder central. Em suma, a implantação do Estado Novo, sua arbitrariedade, seu controle sobre todas as formas de expressão, sua ditadura, enfim, é antes de tudo uma fachada - certamente importante, mas não capital - do jogo político da época. Ao mesmo tempo que impõe seu regime totalitário, Getúlio Vargas elimina o grupo que representa o maior perigo para a unidade e a independência do país, isto é, a AIB. Por outro lado, a crise aberta com o Eixo, especialmente com a Alemanha, é uma crise real que afasta o país de qualquer possível aliança com Berlim. Através da crise de 1938, os dirigentes brasileiros têm ocasião de se dar conta dos métodos utilizados pelo III Reich em seu desejo de refazer a "Grande Alemanha". Os dirigentes do país revelam ser, antes de tudo, nacionalistas e dentro do governo nenhuma voz se levanta para protestar contra a campanha que visa à integração completa das colônias estrangeiras.
Esse enfoque permite aclarar a natureza da opção real dos dirigentes do Rio de Janeiro. Ao se perceber a profundidade dos sentimentos nacionalistas que animam os dirigentes políticos brasileiros, essa opção não pode mais ser encarada como um simples dilema: de um lado o Eixo ou de outro os Estados Unidos. A terceira via, da neutralidade, adquire então uma importância bastante especial. Ela se inscreve em filigrana nas peripécias da política externa, como decisões de política interna.
Até agora a Ação Integralista Brasileira sempre foi considerada como um movimento nacional e nacionalista. Vários pesquisadores se atêm às origens nacionalistas do integralismo. Portanto, é inútil voltar ao assunto. No que diz respeito às características brasileiras, a pesquisa colocou em evidência seu clericalismo - a exemplo do salazarismo - e a relativa ausência de doutrina racial - com exceção da questão judia. Em compensação, há vários sinais que mostram a proximidade do integralismo com as doutrinas totalitárias europeias, em particular o fascismo italiano. O anticosmopolitismo, o anticapitalismo, o caráter corporativista, a presença de um chefe supremo e infalível, a organização hierárquica e paramilitar, seus símbolos exteriores, o gosto pelos desfiles e os gritos de saudação guerreira aproximam a AIB de uma cópia tropical, talvez empalidecida, do fascismo italiano.
Os contatos mantidos pelos principais dirigentes da AIB e o Eixo são um aspecto ainda quase inteiramente desconhecido pela historiografia