guiada por princípios duradouros ou, ao contrário, demonstrou improvisação? É preciso ater-se à segunda hipótese. É verdade que Berlim persegue objetivos gerais bem determinados no Brasil: "proteção" dos nacionais e dos descendentes alemães, aumento das relações comerciais, aumento de sua influência política. Estes são alguns dos objetivos da ação alemã no Brasil. No entanto, quando se abordam os meios empregados para atingir esses objetivos, constata-se que eles comprometem inteiramente os eventuais resultados.
Por um lado, a política alemã é decidida em Berlim e não se preocupa de modo algum com as particularidades brasileiras. Essa impossibilidade da diplomacia alemã de compreender os desejos e sobretudo de apreender as características brasileiras, a fim de poder melhor atingir seus objetivos, é uma constante da diplomacia do III Reich em relação ao Brasil. Sem qualquer psicologia e com uma extrema rigidez de princípios e rudeza de contatos, a diplomacia alemã hipoteca por inteiro sua ação. Esse erro é uma das razões principais de seu fracasso no Brasil.
Por outro lado, a política alemã em relação ao Brasil é marcada por numerosas contradições. Contradição entre os próprios objetivos visados, pois a Alemanha não pode querer obter um aumento de seu comércio com o Brasil ao mesmo tempo que mantém relações com a MB - o que coloca em perigo o poder de Vargas - e empreende recrutamento político e ideológico nos estados do Sul. Seria preciso escolher e a Alemanha não escolhe. Ela então perderá em todas as frentes.
A seguir, há contradição entre os princípios e a ação do NSDAP - francamente antibrasileira - e as relações diplomáticas normais entre dois Estados soberanos. Contudo, a contradição não se situa unicamente entre as atividades do NSDAP e da Wilhemstrasse, pois esta última também desenvolve uma diplomacia paralela, ficando difícil de perceber a fronteira entre a atuação dos representantes alemães oficiais e a atuação daqueles que o são menos.
Há enfim contradição entre os responsáveis pelas múltiplas atividades do III Reich no Brasil. Se alguns dentre eles estabelecem distinção entre os cidadãos alemães e os cidadãos brasileiros de origem alemã, a regra geral é a assimilação dos dois grupos.
Em comparação com a Alemanha, a Itália desempenha um papel menor no Brasil. Se o EN é de inspiração fascista, isso não impede que as relações entre a Itália e o Brasil oficial sejam limitadas pela impossibilidade de aumentar sensivelmente as relações econômicas e comerciais.
Ao contrário da Alemanha, a Itália não tem objetivos bem determinados em suas relações com o Brasil. A única questão que interessa a Roma é a de sua colônia estabelecida no Brasil. Todavia, esta última está bem integrada e sofre apenas parcialmente o choque da política de nacionalização empreendida pelo Rio de Janeiro em 1937-1938. Em