O Brasil de Getúlio Vargas e a formação dos blocos: 1930-1942. O processo do envolvimento brasileiro na II Guerra Mundial

ANEXO XI

O conselheiro da embaixada von Levetzow ao ministro von Bismarck, 2 de janeiro de 1939(1) Nota do Autor

Como escrevo ao sr. precisamente em 2 de janeiro, gostaria de começar minha carta enviando-lhe, bem como à princesa, meus melhores votos para o ano novo.

Essas linhas destinam-se a lançar um pouco mais de claridade sobre as condições em que se apresenta, aqui, a situação; pois não estou certo - na medida que jamais recebi resposta para as perguntas que fiz a esse respeito - se minha atividade no Brasil está em concordância com as concepções das Relações Exteriores.

Devo antes de tudo deixar claro que o Brasil e o governo brasileiro não podem ser avaliados segundo as normas que se aplicam aos Estados e aos governos europeus.

É certo que, de um lado a intriga, de outro a "amizade" desempenham aqui um papel muito maior que na Europa. Todo brasileiro, como de resto todo estrangeiro que quer ser bem sucedido nos negócios no Brasil, procura fazer "amigos", para servir a seus interesses.

Aquele que não tem "amigos" perde sua influência e não consegue nada.

Um ministro brasileiro estará, por exemplo, inclinado a agradar a um diplomata estrangeiro que lhe agrada, mesmo que agindo assim ele não sirva estritamente aos interesses de seu país. Mas por outro lado, ser-lhe-á indiferente negligenciar os interesses políticos de seu país ou os interesses econômicos de certos meios comerciais brasileiros, se ele paralisa assim os esforços de um diplomata de que ele não gosta.

Posso perfeitamente imaginar, por exemplo, que em nosso caso ministros brasileiros criem de mil maneiras obstáculos para a exportação de algodão para a Alemanha, mesmo com o risco de prejudicar os interesses dos produtores brasileiros, a partir do momento que se trata de causar problemas a uma missão diplomática ou a um governo alemão que não lhes agrada.

Para julgar a situação, é preciso também lembrar-se que, durante o período de crise grave do ano passado, o governo brasileiro tinha deduzido dos relatórios de sua embaixada em Berlim e também de sua própria experiência

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