prática, que a Alemanha não tinha a intenção de começar uma guerra econômica com o Brasil, nem mesmo de criar para a embaixada do Brasil em Berlim dificuldades ou de lhe impor humilhações no plano dos contatos mundanos.
Uma das censuras que aqui se dirigem ao embaixador Ritter é justamente que, com a finalidade de se impor ainda mais, ele fez declarações inexatas relativas a uma projetada exclusão da embaixada do Brasil das recepções berlinenses.
Compreendendo essa situação, esforcei-me para criar, com o ministério das Relações Exteriores, um ambiente que torne possível a discussão dos assuntos mesmo desagradáveis.
Imediatamente depois de ter eclodido o conflito a respeito do embaixador Ritter, recebi a ordem, de um lado de dizer ao ministro das Relações Exteriores que ele tinha com conhecimento de causa apresentado a situação de uma maneira inexata nas questões do desmentido, de outro lado de tentar revivificar as relações econômicas.
Durante os meses que se seguiram, a cada uma de minhas visitas ao ministério das Relações Exteriores, eu só tinha queixas e reclamações para formular. Não informei sobre cada caso isoladamente.
Antes de tudo, a campanha da imprensa contra a Alemanha continuou. As autoridades estaduais, especialmente os militares, cometeram no sul numerosos abusos contra o elemento alemão, privando-o cada vez mais de seus direitos.
Foi preciso também esclarecer e cuidar do caso Cossel.
No que se refere à imprensa e ao sr. von Cossel, minha atividade não deixou de ter sucesso.
A propaganda filmada contra a Alemanha, proveniente da América do Norte, foi proibida.
Mesmo a questão judaica não pôde mais ser utilizada aqui, na imprensa, para fazer agitação anti-alemã.
No plano econômico, pudemos certamente constatar progressos. Espero mesmo estar em condições de em breve anunciar outros.
Gostaria ainda de observar, nesta ocasião, que a oposição americana à extensão dessas relações econômicas germano-brasileiras não se exerce mais no ministério das Relações Exteriores, mas no ministério das Finanças e junto ao Banco do Brasil.
Em matéria de nacionalizações, as coisas se apresentam de maneira muito favorável. Nesse setor, tenho toda uma série de queixas e protestos em curso junto ao ministério das Relações Exteriores. Pude constar que esse departamento se ocupou, até agora, de todos os casos que lhe submeti. Mas ele se choca, por seu regulamento, com a resistência do ministério do Interior ou com as autoridades militares ou policiais. Esforço-me para obter uma solução satisfatória nos casos isolados.