Mas se prevalecerem por muito tempo no Brasil as condições atuais, minhas forças não serão certamente suficientes para conter e para reprimir a onda das nacionalizações.
Devo acrescentar que todos os esforços do embaixador de Portugal e das missões japonesa, italiana e polonesa, feitos no sentido de melhorar o tratamento de seus nacionais ou de suas associações também fracassaram.
O Vaticano e a Igreja católica têm, no Brasil, uma influência considerável. No entanto, nem o cardeal, nem o núncio conseguiram fazer com que fosse aceito o pedido da Igreja católica para que os ofícios religiosos sejam celebrados nas línguas estrangeiras. Fiquei sabendo pelo ministro da Polônia o que a nunciatura empreendeu a esse respeito. Em consequência da atitude inamistosa da nunciatura, é inútil estabelecer com ela um contato direto.
Julgo que, de toda as Missões acreditadas aqui, somos a que leva mais a sério os interesses de seus nacionais. Nossa solicitude de resto também se estende aos Volksdeutsche. Todas as outras Missões são extremamente prudentes, pois temem obter um resultado que vá de encontro a seus desejos, caso assumam uma posição muito firme.
Anteriormente, o ministério das Relações Exteriores brasileiro tinha o hábito de não responder às notas incômodas; a Missão alemã não constituía exceção.
Quando, por exemplo, um alemão era assassinado nos estados, jamais obtínhamos satisfação. Conseguimos que esse sistema não seja mais aplicado em relação a nós.
As queixas feitas são seguidas, e pude constatar secretamente que o ministro das Relações Exteriores insiste para que sejam examinadas e que ele se esforça para impedir os abusos.
No Brasil, como nos outros países, o ministério das Relações Exteriores também não é todo poderoso. A oposição dos outros departamentos às vezes é muito forte e muito difícil de ser superada.
Devo dizer que, ao contrário de alguns outros chefes de Missão que se queixam desse fato, não pude constatar que o ministro das Relações Exteriores me minta.
Ele enfeita um pouco às vezes suas proposições, como por exemplo quando fala da Conferência de Lima. Mas em relação aos hábitos sul-americanos, essa maneira de agir é perfeitamente normal.
Na questão das nacionalizações, tento explicar, tanto aos militares de alta patente cuja opinião é, de fato, decisiva nesse assunto, quanto ao ministro das Relações Exteriores que o Brasil trabalha contra seus próprios interesses.
O governo se encontraria diante de três grupos. O primeiro, que já está há muito no país e cuja força de resistência está esgotada, se submeteria. O segundo se consideraria como minoria e faria oposição. O terceiro,