As relações entre a Áustria e o Brasil; 1815-1889

I

Introdução

A Áustria foi durante o século XIX a encarnação do Velho Mundo: o coração da Europa, o centro da tradição ocidental. Nela confluíam as várias correntes culturais dos séculos passados. O Brasil era novo, imenso, recém-nascido, e pouco conhecido fora de suas fronteiras. Tinha fracas raízes na cultura europeia e estava exposto a todas as influências e impulsos.

Na esfera política, a Áustria era ainda o foco da Europa, mantenedora da concepção medieval de monarquia universal, e pretendia ser o poder central da Europa. Tinha conseguido conservar essas pretensões apesar das ameaças da Revolução Francesa e das guerras de conquista napoleônicas, e acabava de apresentá-las, revestidas da nova forma de Santa Aliança, no Congresso de Viena.

No começo do século XIX o Brasil era ainda uma colônia, parte do Império Português, e começara apenas a pensar em tornar-se um Estado independente. A Casa de Habsburgo encarnava a ideia tradicional do soberano "pela Graça de Deus". Os imperadores austríacos constituíam uma longa série de cabeças coroadas cujo início datava dos tempos de Carlos Magno. O Império do Brasil era jovem; fora criado por um movimento popular e era falto de tradição. Estava tão longe da Áustria que somente uns poucos austríacos se davam conta de sua existência. A extensão, importância, beleza e riqueza do Brasil eram desconhecidas.

Talvez nunca o Brasil se constituísse em nação se a Revolução Francesa não houvesse destruído muitas tradições políticas da Europa, tal como o direito divino dos reis. Depois da Revolução, as ideias de liberdade e igualdade dos homens encontraram guarida no Novo Mundo, onde foram entusiasticamente recebidas. As grandes colônias na América Meridional tomaram consciência da própria existência nacional.

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