Valendo-se da momentânea fraqueza da Espanha, travaram sangrentas batalhas pela independência. Nessa luta contra o predomínio tradicional da Espanha, as colônias abandonaram as velhas formas de governo e transformaram os novos ideais de liberdade e igualdade em símbolos das aspirações nacionais. A mudança rápida de dependência colonial em independência democrática, foi naturalmente acompanhada de rudes lutas e guerras civis. Estes acontecimentos do hemisfério meridional do Novo Mundo, que ocorreram nos primeiros vinte anos do século XIX, pareciam uma séria ameaça à Europa conservadora que se restabelecera. Representavam uma séria e inevitável ameaça por causa das suas repercussões na Espanha, que se tornou o ponto nevrálgico da nova ordem europeia.
O Brasil, porém, foi poupado de lutar contra a mãe-pátria. Ameaçado pelos exércitos de Napoleão, o rei de Portugal transmigrou a bordo de um navio inglês para sua colônia e ali continuou a governar. Quando o Brasil tomou consciência de sua capacidade de tornar-se uma entidade nacional, já estava pacificamente elevado à categoria de reino autônomo desde 1815. A princípio a posição interna e internacional desse novo reino sul-americano era instável. O fortalecimento desse bastião avançado do princípio monárquico devia interessar Metternich. Em 1815 tinha ele em mente sustentar a monarquia portuguesa e nada mais; estava longe de encarar a ideia de um Estado brasileiro independente.
Portugal estava dentro da faixa de influência de Metternich que se estendia de Lisboa a Constantinopla. Depois da mudança do rei para o Brasil, Portugal fora entregue às suas próprias forças e caiu sob forte influência inglesa. As novas correntes liberais fizeram-se sentir cada vez mais fortes nestes confins da Europa, para desgosto do cocheiro da Europa, como era frequentemente chamado Metternich. Essas forças ameaçavam impedir pela força das armas a restauração do reino de Portugal "pela Graça de Deus". A fim de eliminar esse perigo e também reforçar o princípio monárquico, era preciso estabelecer ligações mais fortes com a Áustria, poder central da Santa Aliança.
A velha tradição dos Habsburgos de estabelecer laços de família veio, assim, ao encontro dos desejos das duas dinastias. As princesas austríacas eram educadas na ideia do sacrifício dos desejos pessoais ao interesse do Estado. Assim, Leopoldina foi escolhida para estabelecer uma ligação com esta guarda