Durante uma sessão do Conselho de Ministros D. João queixou-se da recusa de D. Pedro em partir para Portugal e disse, de repente, como se tomado de inspiração: "Bem, se meu filho não quer ir para Portugal, vou em pessoa. Dou-lhes minha palavra de rei e estou pronto a fazê-lo"(42) Nota do Autor.
As meias medidas em face da crescente agitação das massas agravaram a situação. Panfletos e apelos às armas eram distribuídos largamente e o rei era abertamente escarnecido. Um artigo dizia:
"Há uma maneira muito simples de acabar com tudo isso. É fazermos o mesmo que ele fez. Ele declarou louca a própria mãe. Por nossa vez declaremo-lo incapaz"(43) Nota do Autor.
Prova-se agora que o rei tinha razão em acreditar que D. Pedro e o conde dos Arcos estavam conspirando contra ele.
A 26 de fevereiro rompeu uma revolução no Rio, e D. João foi forçado a jurar a Constituição portuguesa posto que ainda não estivesse completa(44) Nota do Autor. A revolução foi instigada pelos portugueses, e seus líderes se encontravam no meio do povo favorecendo o Príncipe Real. O fato é que ela servia os propósitos portugueses e o enviado austríaco interpretou-a como um prenúncio de outra revolução:
"(...) Era impossível que não fosse seguida, mais cedo ou mais tarde, por uma contrarrevolução brasileira, e pode-se apostar que os dois reinos deixarão de ficar unidos sob o mesmo cetro. Hoje penso que toda a América do Sul terminará por formar uma união de Estados federados"(45) Nota do Autor.
O conde de Palmela apresentou sua demissão e D. João, que ainda esperava uma intervenção das potências europeias ("Je compte beaucoup sur l'Autriche"), preparou-se para partir. O Príncipe Real D. Pedro, que exigiu uma participação conveniente no governo, interessou-se vivamente pelos novos acontecimentos. Por ocasião das primeiras eleições distritais, rompeu nova revolta, a 21 de abril no Rio. As massas, lideradas por um alfaiate francês Duprat, proclamaram a soberania do povo. A multidão invadiu o Paço Real e pediu a D. João