Novo Mundo nos trópicos

nesses países, perspectivas que, não sendo antieuropeias, sejam não europeias ou coeuropeias; e não subeuropeias. E quando aqui se diz europeu inclui-se, nessa classificação, o anglo-americano.

A perspectiva de situações socioculturais tropicais que, diferentes das europeias, precisam de ser consideradas nas suas diferenças, em vez de ser vistas e analisadas e interpretadas como subeuropeias, vem sendo uma dessas revoluções. E não há dúvida de que, com seus altos e baixos, é uma revolução que está partindo, atualmente, mais do Brasil do que de qualquer outro país tropical. Mais dos tropicologistas brasileiros do que de outros sociólogos, antropólogos, ecologistas que, entretanto, noutras partes da América, na África e no Oriente tropicais, estão igualmente considerando sob novos critérios ecológicos e ecoculturais problemas que certo imperialismo sociológico de origem europeia ou anglo-americana vinha impondo a sociólogos e antropólogos de países tropicais como se as sociedades e culturas desses países fossem passivamente subeuropeias.

Essa revolução mais do que intelectual do brasileiro de hoje — revolução tão de dentro para fora que é como se fosse uma revolta contra a sociologia que lhe tem sido imposta de fora para dentro, embora, a essa sociologia de fora para dentro, o brasileiro, crescentemente consciente de ser membro de uma sociedade e de uma cultura em grande parte tropicais, mestiças e não europeias, seja devedor de preciosos estímulos e informes intelectuais — é uma das afirmações mais vigorosas de que esse mesmo brasileiro já encontrou o caminho para a identificação sociológica da sua situação psicocultural. Essa identificação implica o reconhecer-se ele homem, ainda que herdeiro de cultura europeia, situado no trópico; imerso ecologicamente no trópico; ligado ao trópico fisiologicamente, mesmo quando em sua [composição] étnica não haja sangue ameríndio ou negro africano: ausência quase sempre compensada pela grande presença, no seu ser psicocultural, desse ameríndio e desse africano teluricamente tropicais.

Mais: essa consciência, esse reconhecimento, essa volúpia, até — em alguns casos — de ser homem situado no trópico e sua civilização uma civilização em desenvolvimento em espaço tropical, vem dando, nos últimos anos, ao brasileiro, juntamente com uma reconciliação de sua condição de tropical com a realidade tropical, aquela coragem, aquele gosto e, mesmo, aquela volúpia de procurar ver essa sua condição e essa realidade para além das fachadas como que oficiais que a vinham escondendo dos seus olhos. Em outras palavras: vem lhe dando a capacidade de "seeing

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