Novo Mundo nos trópicos

não é nem o exclusivamente sociológico nem o apenas econômico ou mesmo ecológico, porém outro, porventura mais compreensivo, em que a essas perspectivas, por muitos consideradas insuficientes, vem juntando a antropologia — de onde sua "antropologia tropical", considerada científica e filosoficamente válida pelos mestres da Sorbonne —, a histórico-social e psicocultural. Daí a satisfação com que leu há pouco as excelentes páginas em que Carlos Delgado, no número de janeiro, de 1969, de Aportes (Genebra), depois de opor restrições ao pan-economismo por que se vêm orientando, em ensaios antissociológicos — Delgado chega a referir-se ao empenho de alguns economistas marxistas, e mesmo não marxistas, no sentido de uma como dessocialização dos estudos sociais — autores como, entre outros, os brasileiros Celso Furtado e Fernando H. Cardoso, o primeiro em Desenvolvimento e subdesenvolvimento e Dialética do desenvolvimento — que cita em edições em língua espanhola —, Cardoso, em seu Cuestiones de sociología del desarrollo en América Latina — publicado em Santiago do Chile. Carlos Delgado repele a teoria de que o simples desenvolvimento econômico, que se afirme em "elevadas estatísticas do produto per capita", signifique "desarrollo social" e possa ser identificado — do modo por que o identificou José Medina Echavarría, em Consideraciones sociológicas sobre el desarrollo económico (Buenos Aires, 1954) — como "progresso humano" — o próprio Echavarría reconhecido em tempo, "la obsolecencia de la filosofía del progreso en el mundo contemporáneo": progresso cuja "limitación al campo de lo puramente técnico" é destacada por Karl Jaspers e, de diferente ponto de vista, por Herbert Marcuse.

O que Carlos Romero salienta no seu "El desarrollo social reconsiderado", num pronunciamento que particularmente interessa ao autor de New World in the Tropics, por coincidir com um seu já antigo critério de tentativa de análise e de interpretação de civilizações modernas em desenvolvimento nos trópicos, é o repúdio dele e outros estudiosos do assunto, quer a uma economia, quer a uma sociologia que, como ciências horizontais, se julguem suficientes para essas e outras análises e interpretações. Daí proclamar, referindo-se à América Latina, "la necesidad de desentrañar el verdadero y mas profundo sentido de la historia latino-americana para buscar en ella la raíz primigenia a partir de la cual se ha moldeado en el espacio y en el tiempo la forma de ser del hombre y la cultura en América Latina". Mais: para conseguir ir a essas raízes, o sociólogo "debe apelar al historiador, al antropólogo, al filósofo de la historia, es decir, a quienes ... indagan por el que-hacer

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