A Bahia e a carreira da Índia

vezes esgotou;, pela quantidade de vidas humanas que conduziu e muitas vezes aniquilou; pelo conjunto de mão de obra especializada que requereu; pelo valor, soma e variedade de riquezas, cuja circulação promoveu, e pelo notável intercâmbio de ideias, técnicas, usos e costumes que representou, atuando nos aspectos econômicos, políticos, sociais, industriais e religiosos, em nada menos de quatro continentes.

Representou o desvio do maior eixo econômico-marítimo de sua época, fomentando uma revolução sem precedentes na ordem ecumênica. Dilatou também a limites até então não atingidos a produção, circulação e consumo dos dois hemisférios.

Toda a empresa de colonização ultramarina portuguesa esteve nela incluída, vivendo dela e para ela, envolvendo aspectos sociais e humanos de profundo interesse histórico. Por isso, e necessariamente, a Carreira não implica apenas uma história marítima, ainda que signifique em toda a extensão a tentativa talassocrática portuguesa. Representa além disso a história das conexões e dos conflitos com as instituições de terra.

Seus personagens, portanto, não serão identificados apenas como aqueles "homens do mar", tão justamente celebrados pelos cronistas, mas, e também, com os homens afeiçoados ao seu chão num anônimo e silencioso trabalho.

Dentro dessa abordagem é que reclamamos a preeminência do porto do Salvador (Bahia), particularmente, mas não exclusivamente, é preciso que se insista, como escala da Carreira da Índia, durante razoável parte do período colonial. Assim, as reflexões, interpretações e conclusões a que chegamos dirigem-se em grande parte para as relações que aquele porto manteve com os navios que demandavam o Oriente ou vinham de torna-viagem.

Na medida da confinidade imposta pelo tema, esperamos também haver subsidiado pelo menos três metas de pesquisa, cuja amplitude naturalmente, exigirá uma equipe de historiadores, com vasto programa de trabalho: 1) A Bahia e o Atlântico; 2) O Brasil e a Carreira da Índia; 3) Estudo dos portos portugueses do Atlântico.

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Quando nos lançamos à empresa, que agora concluímos, conjeturávamos as suas dificuldades. O objeto deste trabalho,

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