Mas no tocante à Carreira da Índia nem sempre foi permitido, por el-Rei, que o Brasil servisse de escala para os seus navios.
O critério usado pela autoridade metropolitana nesse sentido foi muito variável, e a sua motivação sujeita às conjunturas da empresa ultramarina, em relação às possibilidades comerciais que a colônia brasileira oferecia. Nesses termos procuramos analisar o problema da permissão ou não da escala, embora lutando com extrema carência de dados, o que absolutamente nos impediu de precisar os períodos de consentimento e interdição.
Em relação ao estanque régio a escala assume diferentes perspectivas nos diversos momentos históricos aqui considerados.
Assim, esse escalamento das embarcações da Índia em portos brasileiros fez-se em grande parte sob regime de interdição, isto é, transgredindo as ordens que então vigoravam. Tal situação ligada ao monopólio régio foi evidentemente um dos fatores da opressão comercial com que a Colônia lutou em caráter permanente.
Deste modo nota-se na primeira metade do século XVI, e desde o início, uma atitude aparentemente paradoxal da autoridade régia. A primeira reação de D. Manuel em face do reconhecimento das costas brasileiras foi justamente favorável à escala, admitindo mesmo a conveniência de que os navios da Carreira aqui fundeassem, em caso de necessidade, no que aliás seguia a sugestão do escrivão da feitoria de Calicute, Pero Vaz de Caminha.(3) Nota do Autor
Não demoram, entretanto, os esforços visando a limitar nesse particular o arbítrio dos pilotos. Nas disposições reais que encerram os textos de meados do século XVI notamos, desde logo, a preocupação de se evitar mesmo o recurso à escala, só permitido em casos de extrema e comprovada necessidade, como foi, por exemplo, mas isto já no fim do século, o da nau "São Francisco", capitaneada por Vasco da Fonseca, que partiu do Tejo a 10 de abril de 1596.
Muito acidentada, tendo inclusive perdido o leme, encontrou como a melhor solução tomar a derrota da Bahia "ainda que contra um expresso Regimento del-Rei, porque a necessidade