A Bahia e a carreira da Índia

do embarque não se verificando o tabaco colocado no centro de cada fardo, apenas descosturado nos cantos ou em um canto. Essa abertura apenas dos cantos era para que não se estragasse o acondicionamento e, segundo os próprios fiscais, para que não se estragasse também a mercadoria com a penetração do ar pela abertura...

Assim as autoridades consideravam impraticável um reenfardamento estando a mercadoria já no porto, pronta para o embarque. Restava então aos responsáveis pelo seu recebimento na Índia acusarem os fardos viciados, indicando sua marca, para que no Brasil fosse punido o produtor que o enfardara.(94) Nota do Autor

Não sabemos porque o exame da dualidade do produto não se fazia na própria fonte de produção, no ato de enfardamento, o que seria mais razoável diante das constantes queixas que a respeito costumavam vir do Oriente. Justificavam também as autoridades baianas o fato do tabaco chegar muitas vezes deteriorado ao Oriente, devido à umidade de cargas como vinho e aguardente que lhe passava a bordo, bem como também devido ao calor.(95) Nota do Autor

Em substituição àquele falho processo de verificação que costumava ser praticado pelos deputados da Inspeção, o Governador D. Rodrigo José de Meneses propôs em junho de 1784, embora sob certa relutância dos referidos deputados, uma outra maneira mais eficiente para o exame do tabaco enfardado.

Consistia em colocar-se duas prensas num dos armazéns locais da Marinha descosendo-se os fardos e separando cada um em duas metades para exame dos "manojos" do meio e dos lados, o que permitia constatar se tinha havido falsificação. As prensas serviriam então para colocar as partes dos fardos em seu primitivo estado, isto é, juntados.

Para provar a excelência do seu método de verificação, o diligente Governador, que por sinal conseguiu ultrapassar a cota de quatro mil arrobas que devia atender na exportação para a Índia, mandou para o Reino um caixote com amostras de cada fardo aprovado, com os respectivos números e folhas a que pertencia.

Com a compra das prensas e outros instrumentos necessários ao novo processo de verificação, acresceu a despesa da

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