A Bahia e a carreira da Índia

África e a Portugal, sendo deste último, em sua maioria, reexportados.

Para a África ia justamente o produto refugado pelos mercados orientais e europeus, pois o mercado consumidor de baixo nível e padrão de vida dos mais primitivos, representado em sua totalidade por populações indígenas, recebia esse produto em troca de escravos negros.

Para o necessário equilíbrio no atendimento às necessidades apresentadas pelo interesse metropolitano na reexportação do tabaco para o Oriente, para outros mercados e mesmo para os domínios coloniais, a autoridade régia retendo o estanque durante quase toda a duração dos séculos XVII e XVIII, via-se ainda obrigada a intervir mais diretamente no comércio, disciplinando os contratos de arrendamento, que constituíram o sistema mais aceito para sua exploração.

Requeriam-se essas intervenções devido à competição estrangeira no mercado, como a inglesa já por nós referida.

Nesse sentido, defendendo o bom rendimento do monopólio do produto, Antônio Paes de Sande escrevia a 2 de novembro de 1679, de Goa, uma carta ao Príncipe Regente, na qual lembrava a conveniência de se ter a máxima cautela, a fim de evitar que o tabaco de rolo considerado de boa qualidade fosse desviado propositadamente para a Inglaterra.

Esse descaminho ocorria tanto no Oriente, onde os britânicos costumavam conduzir essas cargas para Bombaim, como na Bahia, onde as ofertas estrangeiras podiam atrair os produtores do Recôncavo a entregas mais compensadoras.(109) Nota do Autor

Aliás, no tocante ao comércio clandestino de tabaco para o Oriente, praticado na Bahia, os registros são inúmeros. Até mesmo os soldados e marinheiros que compunham as tripulações dos navios da Carreira não lhe permaneciam indiferentes. Chegavam a ir à Vila de Cachoeira, onde se produzia fumo de superior qualidade, para trocá-lo por mercadorias de procedência asiática.

Contra a circulação pelo interior da capitania desses tripulantes cuja desfaçatez era grande, a dar crédito aos documentos que nos ficaram a respeito, queixou-se em 2 de agosto de 1715 o Vice-Rei, Marquês de Angeja, afirmando que esses homens, alcunhados de "vendelhões" andavam "pela Baía com caixas penduradas ao pescoço, vendendo fitas e drogas que traziam, imitando os genoveses que iam a Lisboa". Procediam

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