A Bahia e a carreira da Índia

o Brasil pouco obteve dela como pouco lhe pôde oferecer. Contribuindo para a sua prolongada continuidade, através da sua integração, o Brasil caracterizou o período estudado dando novas dimensões econômicas aos interesses da Carreira.

No tocante à escala das embarcações que faziam o roteiro do Oriente, a Bahia colocava-se em situação bem mais vantajosa que os portos da África Portuguesa, como Moçambique, ou Angola, mesmo levando-se em conta as dificuldades que a navegação enfrentava nas proximidades dos Abrolhos ou do Cabo Santo Agostinho. Entretanto, os interesses que oferecia como porto de escala não lograram, como vimos, remover ou diminuir em relação aos outros portos o volume de interdições oficiais que sofreu ao longo dos séculos aqui estudados. Apesar dessas limitações, as possibilidades que apresentava como mercado quer produtor como consumidor, os socorros sempre mais rápidos e eficientes com que em mais de uma oportunidade atendeu as praças portuguesas na África e no Oriente, movimentando tropas, munições e provisões, e sobretudo a assistência que ofereceu àqueles navios que dentro ou fora da lei recorreram ao seu porto, que se lhes mostrava sempre como indeclinável solução para o refresco de que necessitavam, castigados que vinham pelas distâncias, pela sua morosidade e pelas condições de viagem, acabaram por consagrar a importância da Bahia tanto para a Metrópole quanto para o ultramar português, não logrando portanto o regime de interdição impedir a frequência das arribadas.

Ela só não foi maior devido ao rígido critério colonial com que Portugal manietou o Brasil, com isso constrangendo a si próprio também a não ter a participação que poderia ter tido na consolidação da conquista dos mares e da partilha das terras.

A política protecionista metropolitana que na verdade não esteve inteiramente ausente, mas que careceu quase sempre de racionalidade, coordenação, descentralização e planejamento a longo prazo, funcionando geralmente mais à base dos interesses imediatos que cortavam as possibilidades da formação de um parque industrial ligado à construção naval, impedindo também, através do monopólio e de outras medidas, a livre circulação intercolonial das riquezas, foi também uma das grandes responsáveis pelo passivo colonial com que se chega ao século XIX.

É bem verdade que não se pode entender a orientação política portuguesa em relação ao Brasil colonial movida por

A Bahia e a carreira da Índia - Página 325 - Thumb Visualização
Formato
Texto