Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

as suas notas de cadernos, os seus despachos, os seus ofícios, os seus relatórios, os seus manuscritos diversos. E nisso consistia a tarefa longa e penosa da documentação. O Arquivo é enorme, os seus papéis não estavam naturalmente dispostos para um só objetivo, fazendo-se necessários o exame e a leitura de milhares de documentos para a escolha daqueles que seriam copiados e utilizados. Para essa seleção e síntese posso dizer que li pessoalmente tudo o que podia ter interesse e aplicação. E, porque houvesse lidado com um material dessa natureza, aparecem no livro muitos pormenores, informações, citações de documentos e notas de pé de página, que talvez não fossem rigorosamente necessários em outras circunstâncias. Pensando bem, entretanto, o certo é que eram mesmo necessários: darão mais autenticidade a estas páginas, tornando evidentes em "opróbrio" aqueles que se aproveitarão delas, mais tarde, sem o mesmo esforço e o mesmo trabalho de pioneirismo na "matéria Rio-Branco".

É possível que a figura de Rio-Branco, como aqui aparece, não se identifique rigorosamente, sob vários aspectos, com aquela que se cristalizou de modo geral na impressão do público. Aliás, se o nome de Rio-Branco é talvez o mais conhecido e glorificado do Brasil, não são igualmente conhecidas nem a sua vida nem a sua obra. E isto se explica: ele não tem ainda a verdadeira duração histórica. Morto há trinta e três anos, está entre nós como um contemporâneo. Sucede, porém, que entre ele e o autor deste livro já se acha aberto pelo menos o período de uma geração; quis o acaso que coubesse a tarefa de escrever-lhe a biografia a um escritor que nascia justamente no ano de sua morte. Daí o princípio de perspectiva histórica que foi alcançar: eu não pertenço à geração que conheceu Rio-Branco, pessoalmente; e não tinha por isso outra paixão que não fosse a de procurar e exprimir a verdade. O entusiasmo que aparece em algumas páginas é legítimo e sincero. Aproximei-me da figura de Rio-Branco com espírito crítico, com um quase profissional espírito crítico. Depois, senti-me às vezes comovido em face da sua grandeza. E não seria processo de crítica, mas de mesquinharia, deixar de reconhecer o que há de extraordinário e desproporcional neste autêntico grande homem.

Talvez que alguns leitores se recusem a considerar biografia um livro que não foi feito dentro dos moldes frívolos

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