Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

Quando José Maria da Silva Paranhos foi eleito deputado pela primeira vez o Imperador se estava preparando para representar o papel de centro das instituições. É certo que ainda se achava sob o "professorado de Aureliano"(2), Nota do Autor porém já se podia perceber que a sua individualidade estava prestes a libertar-se de tutelas e influências. No Paço, prisioneiro da sedução de Aureliano, indo, ao que parecia, com a corrente da facção áulica, o jovem Imperador, reservado, tímido, silencioso, estudava o ambiente, as forças políticas, ouvia os estadistas do Primeiro Reinado e da Regência, concentrava os seus pensamentos e planos, fazia uma espécie de diagrama das figuras, partidos e grupos, para se libertar em seguida e exercer todos os poderes do seu cargo; na Travessa do Senado, professor ainda sem renome, pequeno deputado de uma assembleia provincial, mas já preparado para o seu destino, enchendo cadernos e papéis com anotações ao mesmo tempo de matemática e administração pública, observando o jornalismo, a diplomacia, o parlamento, o gabinete, o jovem Paranhos levantava também o diagrama dos seus elementos, possibilidades e ambições. Distantes, marchavam - na elaboração e na evolução dos mesmos projetos - um ao encontro do outro, o Imperador e o seu futuro ministro. O mestre político de ambos era o mesmo: Paranhos servia como secretário da Presidência da Província do Rio na administração do Visconde de Sepetiba.

Mas em 1845, com o quarto gabinete no governo, com o "professorado de Aureliano" e a influência da facção áulica, com o país não de todo pacificado, o Segundo Reinado ainda estava vacilante e incerto. Também Paranhos não havia decidido se continuaria no magistério e na política ou se ingressaria na carreira diplomática. As suas aspirações, nesse tempo, não estavam inteiramente definidas. A existência, aliás, não lhe fora até então fácil, e mais talvez do que ao Senador Nabuco de Araújo, a ele se aplicariam estas palavras de Joaquim Nabuco:

Em nossa política e em nossa sociedade pelo menos tem sido essa a regra: são os órfãos, os abandonados, que vencem a luta, sobem e governam(3). Nota do Autor

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