fogueteiro, uma parda prendada, uma negrinha de 15 anos, de nação, com princípios de todo serviço de uma mucamba; uma preta cozinheira e lavadeira, e um preto para todo serviço."
- e que transmite todo um espetáculo do comércio de gente na escravidão. Ou um novo senhor a querer retomar o encanto de negra que este anúncio sugere:
"Fugiu uma preta que terá de idade 20 anos, de nome Maria, nação Rebelo, estatura ordinária, cheia de corpo, olhos grandes, dentes bonitos, um sinal grande no pescoço; levava vestido de riscado amarelo com corpo de outra côr."
Mas ao lado - como a definir a separação entre as duas sociedades, a dos negros tornados bichos e a dos brancos de elite - lá estava o anúncio do livro da moda no pequeno grupo de letrados: Histoire du Consulat et de l'Empire, de Thiers.
O que mais chamava a atenção do estrangeiro nas ruas do Rio era a variedade de epidermes, de cores humanas, toda a gradação dos produtos de raças em mistura. Negros e bichos enchiam, aliás, as vias públicas num espetáculo hoje pitoresco quando visto através das gravuras.
A cidade quase que se resumia no quadrado central de ruas em ângulo reto. A rua do Ouvidor - do Ovidor, como se dizia nesse tempo - já se tornara um centro de elegância e de comércio luxuoso. E em torno dela: a dos Ourives, a do Rosário, a da Alfândega, a de São Bento.
A Travessa do Senado - onde nasceu Juca Paranhos ia do Campo da Aclamação à rua do Senado, antes rua do Conde de Rezende. Aquelas redondezas faziam parte do grande campo chamado de São Domingos, da antiga rua da Vala até os mangues de São Diogo. Existiam ali, outrora, denominações pitorescas e características: Caminho Nôvo, Caminho do Quebra-Canelas, Caminho Nôvo do Conde, Rua Nova do Conde.
Mas nesse pequeno centro urbano sentia-se a nação de vinte anos a se articular para uma existência independente. Depois da "experiência republicana" do período regencial vinha agora a consolidação da monarquia constitucional. E com ela uma sociedade nova, a do Segundo Reinado, formava