Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

da Bahia. Conhecia, é certo, a natureza sensível, influenciável e dócil de Hermes da Fonseca, mas podia esperar que, justamente por isso, os bons conselheiros - entre os quais ele estaria - fossem capazes de orientar beneficamente o que havia de generoso e honrado no caráter do marechal. O próprio Rui diria dele:

"Um bom Ministério poderá salvá-lo. Um mau corrilho o perderá."

Rio-Branco contava sem dúvida com esse "bom Ministério"; e não poderia contar com o "mau corrilho" que acabaria por prevalecer, sobretudo depois de sua morte. Ele via, além disso, na presidência de Hermes da Fonseca, a possibilidade de uma preparação, completa da defesa nacional. Um dos seus desejos consistia no estabelecimento de organizações militares e navais que sustentassem a estrutura da sua diplomacia, e com este seu plano estava identificado o marechal Hermes, a quem todos apontavam como um dos reorganizadores do Exército. Do Barão ele já aceitara, por exemplo, a ideia da vinda de missões militares estrangeiras. Também Rio-Branco estava convicto de que a sua atitude nesse momento em nada contradizia aqueles princípios contra o militarismo por ele defendidos com tanto ardor nos começos da República. Interpretava como simplesmente político o movimento que provocara a candidatura do marechal. Não tinha, por outro lado, na política interna, as mesmas responsabilidades que Rui Barbosa, nem como ele o espírito de luta e oposição. A Rio-Branco, porém, não coube o papel de criador ou artífice da candidatura Hermes. Limitou-se a sua intervenção, atendendo a uma démarche de Pinheiro Machado, a pedir ao marechal que aceitasse o cargo(713). Nota do Autor Nenhum entusiasmo havia, no entanto, nessa sua atitude política. Parecia ansioso pela terminação da crise a fim de voltar aos seus negócios de política externa. Ao seu médico, num desses dias de maio, ele dizia:

- Se eu pudesse indicar realmente um candidato à presidência ele não seria Hermes da Fonseca nem Rui Barbosa: seria Joaquim Nabuco(714). Nota do Autor

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