Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

Tamanha desproporção explicava-se pelo fato de haver esfriado no Peru o delírio expansionista, de ter feito antes esse país reivindicações tão fantásticas que agora parecia estar perdendo tudo, quando estava recebendo exatamente o que lhe era devido. Tendo oposto uma firme resistência às ambições despropositadas do Peru, Rio-Branco não desejava, porém, que se beneficiasse o Brasil com qualquer área que fosse propriedade do vizinho. Não só entregou ao Peru o que era legitimamente dele, segundo o uti-possidetis, mas desistiu, com o espírito de conciliação, de um trecho de fronteira que poderia disputar com valiosos argumentos de direito.

Pela primeira proposta apresentada em 1908, em Lima, por intermédio de Domício da Gama, ficava marcado como limite oriental do Peru o rio Purus, desde a sua nascente até o paralelo de Catai, ficando o Brasil com toda a margem direita desse rio. A proposta de 1909 era mais vantajosa para o Peru: o nosso domínio sobre a margem direita do Purus só iria ao sul de Catai, até a confluência do Manuel Urbano ou Chambuiaco meridional. Logo atendeu Rio-Branco ao governo peruano, fazendo importante concessão, quando ele solicitou que levássemos a fronteira, do lado oriental do Purus, até o pequeno rio Chambuiaco setentrional, que desemboca entre Catai e o Santa Rosa, porque tendo o Barão proposto para base da negociação o uti-possidetis devia reconhecer que só peruanos ocupavam a margem direita do Purus, desse afluente para o sul, sendo que sem esse reconhecimento nem o Congresso nem a opinião pública do Peru aprovariam o Tratado(720). Nota do Autor

Ficavam com o Peru os territórios do Alto Purus e do Juruá, neutralizados em 1904, nos quais só havia estabelecimentos e habitantes peruanos. Diminuía assim a superfície do Acre para 125 mil quilômetros quadrados. Em compensação, nada perdia o Brasil de propriamente seu, nada cedia às imensas pretensões antes lançadas pelo Peru, pois ficavam reconhecidos definitivamente como do Brasil todos os territórios de que estávamos de posse e que eram habitados por brasileiros.

Mais uma vez tinha resolvido Rio-Branco uma questão de fronteiras de modo vantajoso e feliz para o Brasil sem

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