Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

Poder-se-ia lembrar ainda uma vez que através dessa obra o Barão do Rio-Branco conquistara para o Brasil três províncias em três territórios: o de Palmas, o de Amapá e o do Acre. Salvaguardara para o patrimônio territorial do seu país cerca de 900 mil quilômetros quadrados, uma extensão de terra maior do que as da Alemanha, França, Espanha, Inglaterra, Itália e Chile. Uma obra na verdade como só o conseguiram alguns dos maiores cabos de guerra, mas com uma diferença: os territórios por eles adquiridos representavam uma conquista efêmera, enquanto aqueles que Rio-Branco havia incorporado ao Brasil constituíam uma aquisição permanente porque resultantes de decisões jurídicas e acordos pacíficos. Nenhum país fora violentado ou lesado; com todos os vizinhos, ao contrário, o estabelecimento dos limites servira para extinguir antigas desconfianças e animosidades.

Fixadas agora todas as fronteiras do Brasil ainda restava a reparação de uma injustiça, que nesse plano internacional havíamos cometido no passado. Para que ficasse completo o quadro da existência de Rio-Branco faltava este gesto final: o do conquistador de tantos territórios, por direito realmente pertencentes ao Brasil, que oferece, no fim da vida, a um país vizinho, o direito que lhe era devido e que estávamos retendo injustamente há mais de meio século. Esta foi a significação do Tratado de 30 de outubro de 1909 pelo qual entregávamos ao Uruguai - espontaneamente e sem qualquer reciprocidade de vantagens - o direito de condomínio e jurisdição sobre a Lagoa Mirim e o Rio Jaguarão. Nunca se vira talvez na história internacional dos povos um gesto dessa espécie: o de um país que oferecia a outro o reconhecimento de um direito que ele havia alienado livremente em ajustes regulares e jurídicos. Por isso, a respeito desse ato escrevia anos depois Juan José Amezaga:

"La cancilleria brasileña puso término a nuestras viejas cuestiones de limites con el Brasil, en una forma que honra a Sud América, y corresponde a su ilustre jefe, el Barón de Rio-Branco, la gloria de haver iniciado una era de sinceridad, de nobleza y de generosidad en las relaciones internacionales de los pueblos de este continente"(722) Nota do Autor

Portugal, na época colonial, havia estabelecido suas fronteiras americanas nos rios Uruguai e Quaraim, avançando até

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