Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

a linha do Jaguarão e dominando a Lagoa Mirim, como senhor exclusivo da navegação nessa lagoa e nesse rio. Depois da independência do Brasil e do Uruguai veio a ser firmado entre os dois países, em 1851, um tratado de limites, confirmado por outros tratados de 1852 e 1853. Por eles renunciava o Uruguai, em proveito do Brasil, ao direito de condomínio e jurisdição sobre a Lagoa Mirim e o Rio Jaguarão.

A tal resultado chegara espontaneamente o Uruguai, é verdade, mas sob a pressão de suas lutas internas que o colocaram durante certo tempo numa espécie de dependência do Governo Imperial. Pacificado, com a vida interior normalizada, o Uruguai, como era natural, passou a tomar consciência da injustiça que tinha caído sobre ele com essa soberania absoluta de uma nação estrangeira sobre as suas próprias águas, prejudicado ainda no plano econômico pela dificuldade de navegação e portos de interesse para o comércio de produtos de uma das zonas mais potencialmente ricas do seu território.

Nunca faltaram no Brasil defensores do direito do Uruguai desde os primeiros estudos e discussões a respeito dos problemas de limites. Já numa memória de 1844 escrevia Duarte da Ponte Ribeiro:

"Ainda que deva pertencer ao Brasil toda a lagoa Mirim, contudo, à vista das possessões que hoje têm nas suas margens os Orientais, será já impossível excluí-los da navegação daquela lagoa, da foz do Jaguarão para o sul. Parece, pois, que a divisória deverá continuar desde a foz do Jaguarão pelo meio da lagoa até defronte das nascentes do Chuí, seguindo as águas deste até o Oceano. (...) Só assim poderiam remover-se os inconvenientes da pretensão dos montevideanos a navegar não só a lagoa Mirim, mas também a sair por suas águas, e pela lagoa dos Patos e Rio Grande, até o Oceano, pretensão que subsistirá e que eles apoiam nas mesmas razões que nós alegamos para os nossos barcos baixarem de Mato Grosso e de São Borja ao Atlântico pelos rios Paraguai e Uruguai".(723) Nota do Autor

Do lado uruguaio, um grande amigo do Brasil, Andrés Lamas, fez da reivindicação desse direito uma das esperanças mais ardentes da sua obra de estadista. Houve um momento, no ano de 1857, em que teve a sensação da vitória, quando

Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política - Página 473 - Thumb Visualização
Formato
Texto