lhe pareceu que o governo imperial havia aceitado a livre navegação das águas limítrofes, mas um dos artigos do Tratado de 1857 apenas reconhecia a mútua conveniência dessa livre navegação. Reconhecia a conveniência, mas não tornava efetivo um direito.

Inúteis foram todas as tentativas e propostas do Uruguai - a despeito da opinião favorável de vários brasileiros, inclusive do Ministro das Relações Exteriores Carlos de Carvalho, que a favor delas se manifestou francamente - porque contavam principalmente com a oposição do Visconde de Cabo Frio, a propósito de quem escrevia o Barão do Rio-Branco na "exposição de motivos" do Tratado de 30 de outubro:

"Nenhuma dessas propostas teve andamento e solução, o que se deve atribuir principalmente ao curto período administrativo dos ministros que as receberam e dos seus sucessores, assim como à resistência que a todas elas constantemente opôs, apesar do progresso dos tempos, o espírito pouco inovador de um antigo e venerando funcionário, cujas opiniões eram sempre atentamente ouvidas pelos homens políticos de passagem nesta Repartição".(724) Nota do Autor

Em rigor, o Brasil se mostrara disposto a fazer concessões, mas em termos que o Uruguai julgara inaceitáveis, quando sugeridos nessas negociações anteriores a Rio-Branco.

O próprio Visconde do Rio-Branco tinha tomado parte num dos tratados - e o filho, criança, estivera em Montevidéu nessa época - que iam ser agora retificados pelo segundo Rio-Branco. Por isso mesmo, na sua "exposição de motivos", afirmava o Barão que não se devia condenar os estadistas do Império que tinham colaborado nos pactos com o Uruguai de 1851 e 1853, pois eles apenas haviam tomado as precauções exigidas pelas circunstâncias da época. Imaginava, então, que ele os representava no momento, porque se fossem vivos atenderiam às novas condições dos princípios do século XX.

Escrevia neste sentido:

"O Império constitucional que tivemos não era a imobilidade: mostrou-se sempre liberal e progressista, e realizou grandes e úteis reformas.