naquele momento, citando entre outros motivos a possibilidade de desconfianças no Peru e de repercussão desfavorável nos Estados Unidos.
Ao que replicou Rio-Branco:
- Peça ao meu eminente amigo Sáenz Peña que subscreva o A. B. C., e o Brasil garante que não haverá discórdia na América do Sul, nem protestos do Peru, e que o presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, e seu ministro Mr. Root convidarão especialmente os presidentes do A. B. C. para que os acompanhem com a sua presença na próxima inauguração do Canal do Panamá. A realidade do A. B. C. apareceria assim, como um corpo vivo, apresentada pelo presidente da grande República do Norte como a mais alta plataforma que naquele momento se lançará ao mundo(737). Nota do Autor
Tendo adquirido extraordinário prestígio e ascendência junto às chancelarias sul-americanas, Rio-Branco empenhou-se no trabalho de aproximar os países do Continente e extinguir desconfianças existentes entre eles. Nem sempre esse trabalho era visível e ostensivo. Fazia-se dentro do aparelhamento discreto e confidencial da diplomacia, por intermédio de despachos reservados, sugestões, conselhos e advertências. Exercia, assim, com tato e segurança, uma vasta ação continental. Quando se verificou a crise provocada pelo laudo argentino favorável ao Peru, no litígio perúvio-boliviano, o Barão realizou uma intervenção feliz, obtendo a cooperação no mesmo sentido dos Estados Unidos e do Chile. A Bolívia rompera com a Argentina e ameaçava desrespeitar o laudo que julgava faccioso. Em vez de apoiar a Bolívia contra a Argentina e o Peru, o trabalho diplomático de Rio-Branco consistiu em procurar convencer o governo argentino de que devia, espontaneamente, aconselhar o do Peru a entrar em acordo com a Bolívia para que ficasse boliviano o território entre os rios Madre de Deus e Acre, regado pelo Tauamo e outros afluentes do Orton, respeitada assim a posse efetiva.
Escrevia Rio-Branco a Domício da Gama:
"Partindo da Argentina o conselho, atenuaria ela o abalo produzido pelo laudo e agradaria a Bolívia sem prejuízo para o Peru".(738) Nota do Autor
Aliás, o governo do Peru, que mantivera grande animosidade contra o Brasil, modificou-se de tal maneira que mandou