Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

Ele terminava a sua obra no Itamarati deixando o Brasil em paz e harmonia com todos os países da América, com a sua diplomacia influente e prestigiada, em todas as capitais americanas. Não intervinha nos negócios internos dos outros povos, mas exercia, com invariável ação de presença, um poder diplomático excepcional, sempre consultado, ouvido e acatado em assuntos de política externa do continente. Criou uma fase nova na política externa brasileira. A primeira, a do Primeiro Reinado, continha ainda tendências imperialistas, como herança do Reinado de D. João VI; a segunda, a do Segundo Reinado, foi a do equilíbrio americano, sendo o Brasil levado a realizar intervenções ostensivas com o fim de criar a paz e a estabilidade do continente; a terceira, a do Barão do Rio-Branco, foi a da não intervenção, a do prestígio do Brasil, o da sua liderança na América do Sul, pela ação de presença e de colaboração da nossa política diplomática. Esta foi a norma que Rio-Branco assim exprimiu, em forma de conselho para o futuro, num dos seus últimos discursos:

"Quando, pelo trabalho de anos, e muitos anos, pela nobre e fecunda emulação no caminho de todos os progressos morais e materiais, tiverem conseguido igualar em poder e riqueza a nossa grande irmã do Norte e as mais adiantadas nações da Europa - se então pensarem algum destes países latino-americanos em entregar-se à loucura das hegemonias ou ao delírio das grandezas pela prepotência - estou persuadido de que o Brasil do futuro há de continuar invariavelmente a confiar acima de tudo, na força do Direito, e, como hoje pela sua cordura, desinteresse e amor da justiça, a conquistar a consideração e o afeto de todos os povos vizinhos em cuja vida interna se absterá de intervir."

À diplomacia de Rio-Branco poder-se-ia aplicar, com inteira precisão, o famoso conceito do Conselho de Estado do Império:

Diplomacia inteligente sem vaidade, franca sem indiscreção e enérgica sem arrogância.

Alguns se equivocavam a respeito da sua política porque não o ouviam falar em paz a cada momento. Era pela ação que as suas ideias pacifistas se afirmavam e se exprimiam. Temos neste sentido a observação de John Basset Moore:

"Embora ele fosse o maior dos verdadeiros pacificadores do seu tempo nunca o ouvi falar de paz nem dos seus benefícios: ele era antes um homem de ação que de palavras".(742) Nota do Autor

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