Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

A despeito de tudo, alguns inimigos continuavam a apontá-lo como militarista e imperialista. Rio-Branco defendeu-se dessas duas acusações, em outubro de 1911, num discurso que seria, por coincidência, o seu último discurso. Era como se deixasse, nas vésperas da morte, um depoimento definitivo para a posteridade. Havia também outra coincidência a fixar: o seu primeiro discurso, no dia da chegada, fora feito no Clube Naval, o seu último discurso, nas vésperas da morte, seria feito no Clube Militar. Criava-se assim um simbolismo para o historiador entusiasta do Exército e da Marinha.

Da tribuna do Clube Militar ele protesta contra o epíteto de militarista. Nunca defendera o predomínio de uma classe sobre outra, sempre combatera qualquer espécie de antagonismo ou divisão entre civis e militares. Mostrara-se invariavelmente contrário às intervenções do militar, como classe, na vida política. O que desejava para as forças armadas era o engrandecimento técnico, a vitalidade delas dentro dos seus próprios quadros e fins. Caracterizava-as antes de tudo como elementos de defesa nacional, ordem e disciplina. Numa carta do Marechal Hermes da Fonseca, comunicando a punição de um soldado afeiçoado ao Barão, ele escrevera esta nota:

"Acusar o recebimento, agradecendo a comunicação, e que todos os atos que tendam a manter a disciplina militar terão sempre o meu mais cordial aplauso como amigo que sou do Exército".(743) Nota do Autor

Dois trechos do discurso do Clube Militar devem ser recolhidos como explicações pessoais de Rio-Branco.

Sobre o militarismo:

"Todos os nossos militares de mar e terra sabem que nunca os procurei explorar e nem distrair do caminho do dever profissional; e muitos poderão dar testemunho de que a minha linguagem para com eles tem sido invariavelmente a mesma, no Império como na República. Os antigos com quem tive a fortuna de privar, e que, no serviço da pátria, se haviam ilustrado, ganhando vitórias ou contribuindo para elas, tratavam-me, alguns, com afeto quase paternal; davam-me ensinamentos, não precisavam de conselhos meus. Aos moços que às vezes me ouviam, como aos nossos soldados de hoje, sempre alvitrei o mais completo respeito à disciplina e a mais inteira consagração à nobre carreira que haviam adotado. Mas ser, como fui desde a adolescência e na idade viril, um estudioso do nosso antigo passado militar; ter sido, sempre que pude, em outros tempos, aqui como no estrangeiro, um modesto divulgador

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