horror a um homem da educação política de Rio-Branco. O primeiro golpe contra a sua sensibilidade foi a revolta dos marinheiros nos dreadnoughts, a cujo respeito escreveu Carlos de Laet:
"A revolta dos dreadnoughts, em 1910, foi, para Rio-Branco, um abalo tremendo. Sonhara ele um Brasil forte e capaz de, pela sua união e tranquila robustez, dominar os destinos desta parte sul do Continente. Circunvagando os olhos pela baía ameaçada e pela capital prestes a padecer os horrores do fratricídio, o grande brasileiro teria talvez compreendido quão longe nos achávamos do seu ideal..."(746) Nota do Autor
Depois, o estado de sítio, o caso do Satélite, a intervenção em Pernambuco, um país ensanguentado e caótico, que ele dificilmente poderia continuar a representar perante o estrangeiro com a sua diplomacia em grande estilo. Por fim, o bombardeio da Bahia, a 10 de janeiro de 1912. Este acontecimento apressa a morte de Rio-Branco e durante o mês que lhe resta de vida só há lugar para a sua atitude de protesto, a atitude com que se encerra a sua existência. O bombardeio da Bahia repercutiu sobre ele de dois modos: como ministro de Estado, sentia-se envergonhado diante dos representantes estrangeiros, que não podiam julgar civilizada uma nação em que as próprias forças governamentais promoviam a destruição de uma de suas primeiras cidades; como homem, sentia-se indignado com o atentado contra o genro do Barão de Cotegipe, o ministro que o nomeara cônsul em Liverpool, em divergência com o Imperador. Uniam-se o sentimento público e o sentimento particular na sua condenação ao bombardeio da Bahia. Disse então ao seu antigo colega José Marcelino:
- Sofri muito com o bombardeio. Não tinha cara para receber os representantes das nações estrangeiras.
Rui Barbosa já estranhara publicamente que Rio-Branco não se houvesse decidido a intervir com a sua autoridade no sentido de pôr um termo às aventuras desastradas do hermismo. Em seu primeiro discurso sobre o caso do Satélite, perguntara: "Porventura, o Sr. presidente não tem ministros?" Dois dias depois do bombardeio, demitia-se o almirante Marques Leão, ministro da Marinha, afirmando que "o bombardeio da Bahia pelas fortalezas ocupadas pelas forças federais