é uma iniquidade que atenta menos contra a Constituição do que contra a dignidade humana".(747) Nota do Autor
No dia 17 de janeiro, numa conversa em Petrópolis, dizia Alberto de Faria a Rio-Branco:
- Penso que a situação é de causar sustos. A atmosfera do Catete é irrespirável de paixão e de irresponsabilidade. Se V. Excia. permite dir-lhe-ei que é tempo de fazer valer sua força, evitando atentados que estão planejados em desprestígio do Poder Judiciário.
O Barão interrompeu-o:
- Ora esta!... Mas eu sou o ministro do Exterior; não posso entrar por seara alheia; a pasta política tem ministro e a da Guerra também; bem sabe que estamos no regime presidencial; sou responsável pela minha repartição que não me dá poucos cuidados agora...
Retrucou Alberto de Faria:
- Perdoe, Sr. Barão, V. Excia. não é um ministro como os outros. É, pelo menos, o presidente do Conselho. O Governo vive de duas forças: a força moral de V. Excia. na opinião pública e a força política do Sr. Pinheiro Machado; é por isso que não se lhes perdoará a solidariedade com tais desmandos.
O Barão interrompeu-o de novo:
- Outra injustiça! Isto é porque o Sr. não ouviu como eu o bate-boca que o Pinheiro teve há dias no Catete com o ministro da Guerra e pessoa da família do marechal. Mas que quer?... Poderemos eu e ele figurar, sem horror, a situação que se criaria pelo nosso afastamento? Se o Sr. conhecesse o sargentão que está na pasta da Guerra!... Depois, aqui onde me vê, parecendo perfeitamente são, leve, estou muito doente; passei o dia de ontem de perna estendida, infiltrada, sem poder caminhar; umas pílulas que me receitou o Hilario operaram esta maravilha; mas estou abatido e fatigado, nem posso ir à cidade.
E Alberto de Faria comentava, então:
"Ele estava, de fato, cansadíssimo, ofegante. Parecia, entretanto, não querer deixar a posição em que se conservava, de pé, havia um quarto de hora. Lembrei-lhe que devia repousar. Convidou-me para tomar assento na carruagem, mas foi necessário avisá-lo que deveria dar ordem de partida ao cocheiro. Eu bem percebia, aliás, a sua intenção oculta de esperar as notícias dos passageiros do trem de 7,30(748). Nota do Autor
Nessa mesma noite, Rio-Branco redigiu uma longa carta ao marechal Hermes, na qual havia este trecho: