Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

O ataque de uremia, no curso da arteriosclerose, poderia tê-lo matado em poucas horas; o seu organismo de gigante permitiu-lhe resistir por uma semana. No dia 8, Miguel Couto achava precário o estado do seu coração. Agoniado, o doente fazia-se remover constantemente da cama para uma cadeira de braços. Estava cego, mas com os olhos muito abertos como se estivesse a contemplar alguma coisa distante. Delirava, e as suas palavras indicavam o "delírio profissional" do político, ligadas à impressão do bombardeio:

- Bombardeio da Bahia! Forte de São Marcelo!(752). Nota do Autor

E, então, não disse mais nada; apenas, algumas frases ininteligíveis. Entrou em agonia às três horas menos um quarto da madrugada do dia 9. Às 11 horas colocaram-lhe na mão a vela, depois substituída pelo Crucifixo. Prontamente, ao sabê-lo em agonia, os funcionários do Itamarati manifestaram o desejo de ver o Barão pela última vez.

Uma cena comovente: todos, em fila, desde os mais graduados até o mais humilde, passam diante da cama e procuram fixar, numa derradeira visão, a fisionomia do moribundo. Pois, às 9h10min da manhã de 10 de fevereiro de 1912 - e o seu criado Salvador fez parar nesse momento o relógio do Itamarati - morria o Barão do Rio-Branco, na sala em que vivera e trabalhara durante os últimos nove anos. Em torno do salão, no qual ficou o seu corpo de morto até o enterro, erguiam-se e projetavam-se os bustos de José Bonifácio, do primeiro Rio-Branco, de Uruguai, de São Vicente, de Paraná, de Cotegipe, de Abrantes, a galeria dos grandes ministros do Império, de cuja obra ele fora na República o herdeiro e o continuador. Lá fora, a população, quase toda com roupas e emblemas de luto, manifestava sua dor(753). Nota do Autor Nas palavras da imprensa, no

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