de escravos, e onde os conservadores do nosso amigo Barão de Ibiapaba ligaram-se aos liberais governistas do Pompeu.
Ontem recebeu aqui a Legação um telegrama do Governo declarando que os portos do Brasil ficam fechados a tôdas as procedências da França. Parece incrível, e não me consta que país algum tenha já praticado ato tão violento. Estamos, entretanto, no Brasil a 19 ou 20 dias da França, em paquete, e a uns 60 em navio de vela. Não acham para lá suficiente essa quarentena de 20 ou 60 dias.
O paquete francês de 20 do corrente deixará de tocar no Brasil. Tinha a bordo muitas encomendas do nosso Governo. No Havre, em Marseille, Bordeaux e outros portos, onde não há cólera, estão muitos navios carregados para o Brasil.
A surpresa do Ministério de Estrangeiros aqui foi grande. Veremos o que dizem os Ministérios dos Correios e do Commercio.
A epidemia vai diminuindo em Paris. Tivemos um dia de 98 óbitos, mas o que é isso quando se tem em vista a população de Paris e subúrbios - 2 milhões e meio?
Sendo a população aqui dez vezes superior à do Rio, corresponderia a mortalidade diária a uns 9, 8, 7 ou 5 óbitos por dia no Rio de Janeiro. Quando estive lá ultimamente morriam de febre amarela diariamente 10, 12 e 14 pessoas, e ninguém andava aterrado com isso. Queixamo-nos das quarentenas de 5 dias no Rio da Prata, e fechamos os nossos portos a navios que partem de país tão longínquo como a França.
Sempre de V. Ex.
Mto. Ato. Venor. Amgo. Obrgdo.
Paranhos."
Carta a João Alfredo
"Ao Presidente do Conselho de Ministros: Liverpool, 20 de maio de 1888. - Ilm.° Exm.o Sr. Conselho João Alfredo Correia de Oliveira. Tive a honra de receber o telegrama que V. Ex. me fez o favor de dirigir ontem anunciando-me que eu fira agraciado com o título de Barão do Rio-Branco, e acabo de fazer expedir pelo telégrafo a minha resposta enviando os mais cordiais agradecimentos a V. Ex. e rogando-lhe me faça o favor de manifestar a Sua Alteza a Princesa Imperial todo o meu reconhecimento por tão grande mercê. Nunca esperei poder usar um dia o título que meu Pai ilustrou, e essa honra avulta ainda com a ocasião escolhida por Sua Alteza Impl. e por V. Ex. sendo-me o título conferido em meio das alegrias e festas com que o Brasil inteiro estará saudando a esta hora o Imperador, a Regente do Império, V. Ex. e seus dignos colegas, pelo feliz e glorioso complemento da reforma iniciada em 1871. No ato que assim me veio distinguir e honrar terão os nossos concidadãos visto, não uma mercê pessoal, que por qualquer