Tive, pois, como brasileiro grande contentamento em poder concorrer para êsse resultado; vendo afinal em livro - estrangeiro uma -noticia sobre o Brasil que, sem palavras inúteis, encerra grande cópia de informações, muitas inéditas, e dará exata ideia dos nossos progressos e da nossa civilização; notícia apresentada sob os auspícios de um nome europeu, como o de M. Lavasseur, reunindo, portanto, para os estrangeiros, as condições de imparcialidade que são para desejar em trabalhos desta ordem. Meu prazer aumentou quando pelo telegrama de Vossa Majestade e pelas cartas com que me tem honrado tive a certeza de que Vossa Majestade, Juiz tão competente em questões de ciência e de patriotismo, se dignou tão graciosamente de aprovar esse trabalho, honrando-o com a Sua ilustrada colaboração. Beijo respeitosamente a mão de V. M. I. e rogo-lhe se digne de recolher benignam.te os protestos da minha mais profunda gratidão. Vossa M. sabe que a minha dedicação ao Imperador e à Família Imperial, é não só uma herança que recebi de meu Pai, mas o cumprimento de um dever pelas animações e favores que tenho recebido de Vossa M., e que datam de muito longe, dos meus tempos de Colégio.
Na tiragem à parte dou agora mais algum desenvolvimento, como deseja o Sr. Conselheiro Olegário, à parte relativa à Independência. Nas notas que recebi, ele fez dois reparos sobre questões de fato. O primeiro quanto aos motivos da retirada dos dois ministros Andradas em 16 de julho de 1823, o segundo quanto à intenção que antes de 6 de abril manifestou o Augusto Pai de Vossa Majestade de abdicar a Coroa Imperial.
No que diz respeito ao segundo ponto reporto-me às Memórias do Visconde de S. Leopoldo, no trecho que se lê a p. 24 da parte 2ª do tomo 38 da Revista do Instituto, quanto ao primeiro ponto, tenho em meu favor a autoridade do Visconde de Pôrto Seguro, na sua Hist.a da Indep.a, manuscrita em meu poder, capítulo IX. O visconde de Pôrto Seguro guiou-se pelas cartas do barão Mareschall, ministro da Áustria no Rio de Janeiro, escritas ao príncipe de Metternich. O diplomata austríaco, que, como era natural, tinha relações pessoais com José Bonifácio, também refere que esse ministro havia proposto ao Imperador a dissolução da Constituinte.
No trabalho que fiz para o Brésil em 1889 trato com mais algum desenvolvimento da nossa história, em 80 e tantas páginas, de que estou fazendo uma edição à parte. Na Enciclopédia era preciso resumir muito e procurar dizer muita coisa em pequeno espaço, o que é imensamente difícil.
Peço de novo a V. M. I. que se Digne de aceitar benignamente os meus agradecimentos, e beijando, por minha Mãe, e por mim a mão de Vossa Majestade Imp.l, subscrevo-me com o mais profundo respeito
De V. M. I.
o mais humilde agradecido obediente súdito.
Barão do Rio-Branco"
