se dirigiu à Bahia, onde ajustou que se poderia fazer ali a cobrança. Mas, na Bahia, onde já se achava, não mudou a situação, e o devedor faltoso, para não pagar o embolso, "tem contado estórias com frívolas desculpas", mas ficava nisso. Na Bahia, e mais precisamente, no sertão do Caitité, encontrava-se a essa data o futuro barão de Iguape a labutar nos negócios de algodão que o mesmo Eleutério, seu tio, lhe deixaria, assim como ele próprio o deixaria seis anos depois a um irmão, recomendando-lhe que não voltasse a São Paulo antes de formar, seguindo seu exemplo, um pecúlio razoável, que lhe permitisse lançar-se a outros cometimentos em uma província onde nada se poderia começar sem isso. Ë possível que, em tais condições, o sobrinho Antônio tenha sido incumbido de fazer a cobrança ao mau pagador. Com bom êxito? Só se pode dizer que não lhe faltavam energia, nem lábia, nem habilidade para tanto.
Dos primeiros passos na carreira comercial do personagem de que se trata no presente livro, sabe-se pouco. Do que lhe sucedeu nas andanças por Mato Grosso e Goiás nada dizem os papéis aqui estudados e um dos biógrafos informa apenas que nada ganhou nessas capitanias e tudo perdeu do que levou. Chegou tarde a terras que já se tinham cansado de dar ouro e não davam mais nada. Dos seus tratos na Bahia o que se sabe está, resumidamente, embora, nesta obra. Sabe-se, por exemplo, que negociava com fustão, cambrainhas, morins, meadas de lã, lenços de cassa, baetas, chitas, linha, às vezes tabaco, açúcar, papel, vinhos, pregos, milho, farinha, sabão do reino. As contas eram pagas ora em dinheiro, ora em espécie (toucinho, cavalos, azeite, frangos, cargas de sal e outras mercadorias). Antes de embarcar para São Paulo, durante os cinco meses que permaneceu em Salvador, a comprar objetos que lhe servissem para a casa que ia montar, não perdia tempo, pois cuidava de ir comprando algodão, que pagava à vista, para depois vendê-lo a crédito.
Resta sempre a questão de saber-se como, em meia dúzia de anos, lhe teria sido possível amealhar, com sua loja seraneja, um pecúlio que não devia ser tão curto, já que pôde desenvolvê-lo ao ponto de tornar-se rapidamente um dos grandes capitalistas de sua terra. No livro de Maria Thereza Schorer Petrone a questão fica sem resposta, e no acervo que utilizou é pouco o espaço que ocupam os negócios de Caitité, sobretudo se comparados às transações feitas em São Paulo e no Sul. Tamanhas são estas, e de tal variedade, que pretender abordá-las em sua totalidade seria correr o risco de cair num emaranhado de motivos heterogêneos.