O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

de Curitiba e Viamão foi o maior que tem havido nesta Capitania, e ao mesmo tempo, o mais útil aos Registros de S. Majestade pelos direitos que neles costumam pagar os animais" (7)Nota do Autor.

O Morgado de Mateus proibiu a passagem de éguas e de burros pela Capitania de São Paulo a fim de impedir a criação de bestas em Minas Gerais, as quais poderiam concorrer com as que vinham do Sul e, dessa maneira, prejudicar o rendoso comércio, além de desestimular a criação de muares no Rio Grande do Sul. Certa vez, iludindo as ordens do governador, burros tinham sido embarcados em Laguna e levados por via marítima a outros portos e daí aos criadores de Minas. Em outra ocasião o Morgado de Mateus teve notícia da chegada ao Rio de Janeiro de um navio do Reino que trazia "numeroso lote" de burros destinados aos criadores de Minas Gerais. O governador paulista protestou junto ao vice-rei, marquês de Lavradio, lembrando "o quanto o estabelecimento destas fazendas de criação de mulas em Minas é prejudicial a todo o estado em geral". Sugere que todos os burros achados em Minas Gerais sejam transferidos para Iguatemi ou Guarapuava, que eram áreas de fronteiras onde se necessitava de povoadores (8)Nota do Autor. Os criadores de cavalos de áreas abastecedoras de Minas Gerais sentiram a concorrência das bestas do Sul. Daí o interesse em se dedicarem também à criação de muares, que tanta aceitação estavam alcançando. O Morgado de Mateus receava que essas tentativas pudessem prejudicar não só os criadores do Sul, como os comerciantes paulistas.

Criação e comércio de gado, entretanto, continuam se desenvolvendo muito bem em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Tanto é que Bernardo José de Lorena, no fim de seu governo, frisou: "Outro grande ramo do comércio desta Capitania é o das bestas, cavalos e bois, que vêm de Viamão" (9)Nota do Autor. O governador Melo Castro e Mendonça, em sua "Memória", escrita em 1800, fala na importância da criação de gado vacum, cavalar e muar, "que são na verdade os efeitos que mais geral, e abundantemente fazem, e mantêm o círculo do comércio de São Paulo" (10)Nota do Autor.

Com a vinda de D. João VI, as transformações da vida material e o crescimento do mercado consumidor, que se processam no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, tornam mais intensa a procura de gado de carga e de corte. Assim, são frequentes as referências a animais que os paulistas deviam fornecer. O caminho do Sul adquire importância cada vez maior, pois está em constante aumento a circulação de homens e animais. Os homens seguem para as guerras do Sul, que se sucedem até 1828, e os animais são encaminhados aos mercados consumidores do Rio de

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