eram alvos da maior atenção do chefe político, pela importância que tinham como poderosos instrumentos de coação aos recalcitrantes e da mais complacente benevolência aos correligionários à construção de escolas, hospital de isolamento(7) Nota do Autor, auxílios para a Santa Casa, assistência sanitária, execução das redes de água e esgotos e prédios públicos, enfim, tudo que os parcos recursos municipais não permitiam. Entre fraqueza municipal e poder local forte, não havia incompatibilidade alguma, como a princípio pode parecer, pois, justamente porque "os coronéis são fortes" é que "é preciso fazê-los dependentes do governo, tornando os municípios fracos".(8) Nota do Autor Como via exclusiva das graças do fortalecido poder estadual, o chefe local detinha o poder indefinidamente e, como tal, carreava maciçamente os votos indispensáveis para a perpetuidade do poder dos "benfeitores" da esfera estadual. Portanto, "o município fraco é produto do coronelismo", pois, não é conveniente "na lógica dos poderes que controlam o governo, ter localidades fortes e autônomas".(9) Nota do Autor
Relações de reciprocidade estabeleciam-se também no próprio âmbito local. A cega obediência do voto dos agregados rurais e outros dependentes, o "Coronel" correspondia com o paternalismo que a sua condição econômica e posição social permitiam: "... favores pessoais de toda ordem, desde arranjar emprego público até os mínimos obséquios".(10) Nota do Autor Mas não só o voto é a contrapartida da paternal proteção, já que a condição de dependência era total, a submissão não tinha limites. Disso é bem ilustrativo o comportamento de Joaquim Liberato, no caso em estudo, que, ameaçado da perda da empreitada de café, participa dos crimes, não obstante o drama de consciência face aos austeros princípios da religião presbiteriana que professava.