Salvador de Sá e a luta pelo Brasil e Angola; 1602-1686

cargo de terceiro governador-geral do Brasil. Durante os quase cem anos que se seguiram, os membros de sua família, e seus descendentes, estiveram mais ligados aos destinos da colônia do que os de qualquer outra de ambos os lados do Atlântico, com possível exceção dos Albuquerques, de Pernambuco. Mem de Sá chegou à Bahia num momento crítico, quando a maioria dos estabelecimentos disseminados ao longo da costa, fracos e mal organizados, se achavam a pique de sucumbir, em consequência dos ataques dos índios, ou das dissensões internas. Justificando a reputação em que é tido de "homem magnânimo, muito prudente e zeloso, competente e experimentado tanto na paz como na guerra", deu ele ânimo aos desiludidos, pacificou os rixosos, induzindo as capitanias, disso capazes, a viverem em boa harmonia e coordenarem os seus esforços. Visitou pessoalmente todos os núcleos, desde a Bahia até São Vicente, subjugando as tribos hostis e perdendo, em ação, um dos filhos, Fernão de Sá.

Por duas vezes ele repeliu os franceses da baía do Rio de Janeiro e foi o principal responsável pela fundação, na costa daquela baía, da cidade de São Sebastião, no intervalo entre aquelas duas expedições. O verdadeiro fundador foi um de seus sobrinhos, Estácio de Sá, que foi mortalmente ferido quando os franceses já estavam prestes a ser expulsos da região (janeiro de 1567). Inicialmente destinado a exercer o cargo durante três anos, Mem de Sá esteve em função durante quatorze anos consecutivos, até morrer na Bahia a 2 de março de 1572, esgotado pelos seus trabalhos, mas referto em anos, honrarias e riquezas(3). Nota do Autor Uma das faces principais de sua política foi a cordial cooperação com os jesuítas, os quais, por sua vez, o secundaram com entusiasmo em todos os seus esforços. As relações que houve entre eles podem ser aquilatadas através do primeiro ato do governador-geral por ocasião de sua chegada, após oito meses de viagem estafante, de Portugal à Bahia (27 de dezembro de 1557). Antes de assumir o governo da colônia passou vários dias em retiro e contemplação religiosa, entregue aos "Exercícios Espirituais" de Santo Inácio.

Quando Mem de Sá saiu do Rio de Janeiro, depois de havê-lo definitivamente reconquistado aos franceses, deixou na incipiente cidade de São Sebastião outro sobrinho seu, Salvador Correia de Sá, que foi o avô do personagem de que se ocupa o

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