estes três membros preeminentes da família Sá, houve muitos irmãos, primos e sobrinhos, Correias e Sás, que moravam no Rio de Janeiro durante aquela época, ocupando postos de menor relevo, sob as ordens de seus parentes mais altamente colocados. Embora o Rio não fosse uma das capitanias governadas por um donatário, e sim um estabelecimento por eles fundado, os Correia de Sá, com o correr do tempo passaram a considerar o local um feudo virtualmente de sua propriedade. Utilizaram as suas sucessivas investiduras oficiais na edificação de uma considerável fortuna familial, graças às suas posses em terras, canaviais e escravos. Essa família, com efeito, gozava finalmente de mais poder e influência no Rio de Janeiro do que os donatários das capitanias que não estavam inteiramente controlados pela coroa.
Numa de suas viagens à Europa (ao que sei, em lugar nenhum se diz em que data precisa), casou-se Martim de Sá com uma senhora anglo-espanhola, Dona Maria de Mendoza y Benavides, filha de Don Manuel de Benavides, castelão (posteriormente governador) de Cádis, e sua mulher inglesa Cicely Bowerman. Descendia esta de um ramo da família Bowerman, senhores do castelo de Brook, na ilha de Wight, que haviam se estabelecido no Devon no curso do século dezesseis e emigraram mais tarde para Málaga. Um dos primeiros primos de Cicely era o presidente do conselho dos comerciantes ingleses na Espanha, outro era advogado na mesma corporação; mas, com segurança, a família Bowerman não tinha nenhuma ligação com a do conde de Essex, e tampouco com a família real da Inglaterra, como absurdamente proclamaram em Portugal vários trabalhos genealógicos do século dezoito. A filha de Cicely, Dona Maria, nasceu em Baeza, na província andaluza de Jaen, mas é desconhecida a data de seu nascimento. O casamento de Maria com Martim de Sá poderá ter-se dado em 1600, visto que em 1602, em Cádis, ela dera à luz um filho. O menino recebeu na pia batismal o nome de Salvador, em homenagem ao avô, acrescentando-se ao seu o nome materno e avoengo, como era costume fazer-se na Espanha e em Portugal. Por essa época achava-se Martim no Rio de Janeiro, ou a caminho de lá, como se deduz de documentos por ele assinados no Rio em 1602, e ainda existentes. Escritores brasileiros e portugueses espalharam durante muito tempo que Salvador Correa de Sá e Benavides nasceu em 1594, no Rio de Janeiro; contudo, graças a documentos recentemente descobertos,