Ao término das guerras napoleônicas, que coincide com o da segunda guerra americana, a população britânica estava sobrecarregada de impostos e, ao mesmo tempo, insatisfeita com o pouco progresso da reforma destinada a adaptar a máquina dirigente do país à realidade de seus anseios. Assim foi que nem as vitórias militares obtidas, nem as novas possessões coloniais retidas pelo país conseguiram entusiasmá-la excepcionalmente, tal o seu desânimo em relação ao governo. Desânimo certamente bem fundado, pois o período subsequente ao Congresso de Viena malbaratou as esperanças de melhores dias de prosperidade nacional e de reformas para o grosso da população britânica. Subia o custo de vida com as Corn Laws e, ao mesmo tempo, navios de outras nações, agora desimpedidos nos mares, faziam-lhe concorrência no comércio; este, por sua vez, estava também em fase de restabelecimento de antigas rotas afetadas pela guerra na Europa e na América.
Cessada a pressão da guerra, e com a continuidade de tempos difíceis para os britânicos no plano interno, houve uma conjugação desses e outros motivos para a reabertura da agitação social e política. Então, novamente ouviu-se o brado de reforma do Parlamento. É preciso lembrar como estas reivindicações mudaram pouco durante o período de guerra externa. Com o massacre de Manchester em 1819, tentava o governo impedir a resposta popular às chamadas "seis leis", instrumento do Parlamento visando cortar pela raiz a sedição na Grã-Bretanha.
Estas denominadas Six Laws, obra dos tories intransigentes, foram passadas às pressas em 1819. Visavam dar meios legais aos governos para proibir comícios sediciosos, suspender o habeas-corpus durante seis meses, mesmo em tempo de paz. Dispunham ainda sobre os meios legais de promover, pelo desatamento urgente dos processos, o enquadramento rápido e a condenação dos perturbadores da "lei e da ordem".
Quanto ao famoso massacre foi este, no entanto, o paroxismo da represália a vários movimentos populares do período, sistematicamente abafados pelo governo britânico. Tal tipo de repressão foi em parte responsável pelo movimento maciço de emigração a partir de 1816.
Contribuiu para a saída do país de artesãos, proletários, intelectuais e demais elementos, que se viam marginalizados econômica, social e politicamente, saindo em grandes levas para o Novo Mundo, inclusive para os Estados Unidos.
Presente desde o século XVI, o excedente de população rural na Inglaterra resultou do fato de que as grandes pestes eram principalmente um fenômeno urbano e também da transformação do sistema agrícola do país, ocorrida naquele século. Após 1750, o fenômeno modificou-se e os centros urbanos começaram novamente a apresentar alta densidade de população, devido às revoluções agrária e industrial e aos novos avanços da ciência médica(3) Nota do Autor. O excedente da população rural britânica, emigrado para as ilhas do Caribe e para a América do Norte no século XVII, concorreu também para alterar as diferenças no balanço entre a população rural e urbana que existia no século anterior. Migração irlandesa e escocesa para as áreas