Desafio americano à preponderância britânica no Brasil: 1808-1850

industriais inglesas foram fenômenos presentes até 1851. Depois desta data, os Estados Unidos passaram a concorrer vigorosamente com a Inglaterra, como lugar de escolha de imigrantes procedentes das áreas não industrializadas, e a vencer essa concorrência.

Foi significativa a emigração de elementos procedentes de áreas urbanas inglesas para os Estados Unidos durante o período do século XIX, aqui em apreço, ainda quando muitos desses elementos mudassem de gênero de vida em terras da América.

De elementos de tal procedência careciam os norte-americanos no início do século XIX, e, de fato, muitos deles contribuíram para a adaptação do pensamento econômico, político ou mesmo filosófico então em voga na Europa aos ditames do "senso comum" — especialmente útil nos Estados Unidos.

Lembramos o exemplo muito bem achado de J. Dorfman, de que a Riqueza das Nações sempre teve considerável voga nos Estados Unidos, porém, ainda mesmo em 1817, jornais literários e especializados no assunto reclamavam que o texto da obra de A. Smith "era muito complexo para ser facilmente compreendido pela mente não acostumada à Filosofia..." O mesmo ocorria com os trabalhos de David Ricardo, seguidor de A. Smith. Muito mais sucesso teve o simples livro da inglesa Jane Marcet, chamado Conversation on Political Economy... saído em 1816, que juntamente ao seu Conversation on Chemistry era destinado a pessoas jovens de ambos os sexos. Acabou sendo usado, durante algum tempo, em Universidades americanas, de Harvard à Carolina do Sul, e considerado um bom tratado para iniciação científica no assunto, embora procedesse de uma "pena feminina". Na realidade, muitas vezes os elos entre a cultura europeia da época e o pensamento norte-americano eram precisamente pessoas que não tinham sucesso ou campo de ação em seu país de origem, por serem avançadas, reformistas demais ou ainda tudo isto em conjunto. Muitos destes elementos deslocados da Grã-Bretanha reacionária de 1815 a 1820 lançam-se em estranhas aventuras na América e vislumbraram os mais arrojados e ambiciosos programas inovadores. Assim é que um vendeiro escocês, estabelecido em Baltimore, escreveu um curioso trabalho intitulado A Treatise of Economy... in the form of a Romaunt, onde aconselha gastos com obras públicas para equilibrar a sociedade.

Colaboravam também outros imigrantes europeus para estabelecer a ligação entre a cultura europeia e a dos Estados Unidos no início do século, como é amplamente conhecido. Tiveram estes inovadores suas hostes acrescidas por pessoas vindas de outras partes da Europa mais diretamente atingidas pelo espírito da "Restauração".

Em contraposição ao que ocorria nos Estados Unidos, e como resultado da reação tory, o progresso da inventiva sofria certa dirupção na Grã-Bretanha, como também acontecia com o progresso social e o próprio desenvolvimento econômico, desde a segunda metade do século XVIII. Não somente as guerras externas, mas sim, e principalmente, a oposição sistemática do establishment governamental britânico às inovações e reformas concorreram para tal estado de coisas(4) Nota do Autor.

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