Desafio americano à preponderância britânica no Brasil: 1808-1850

Levou como tripulantes, Wise não estava certo se brasileiros ou portugueses, além do capitão Gray, cidadão americano, agente dos proprietários, ou proprietário do navio "Agnes", no qual anteriormente aportava no Rio como capitão, lá ficando à espera de novas ordens.

Quando o Sea Eagle chegou a Cabinda, encontrou o Agnes, que o Capitão Gray vendera a Fonseca antes de partir e (obviamente) estava entregando na África.

Quando a entrega do navio foi efetuada os passageiros que viajavam do Brasil no "Sea Eagle" transferiram-se para o "Agnes", no qual os escravos foram amontoados em esteiras, sem ocuparem as costumeiras repartições a eles destinadas.

A bandeira americana foi então retirada, o nome do navio raspado e a tripulação americana foi transferida para o "Sea Eagle", permanecendo em Cabinda, à espera do brigue "Montevideo", que deveria chegar do Brasil. O "Agnes" fez vela a 9 de setembro de 1844 com o nome raspado e com 500 escravos a bordo, que foram desembarcados próximo a Cabo Frio.

O "Montevideo" finalmente chegou a Cabinda com a carga usual destinada ao tráfico, agenciado pelo mesmo inglês Wietman, assegurado por firma americana e entregue a Cunha, tendo igualmente sido pago por Fonseca no Brasil.

A tripulação brasileira, embarcada em Vitória, tomou posse do "Montevideo". O mesmo procedimento repetiu-se quanto à bandeira americana, papéis e nome, sendo sua tripulação americana também transferida para o "Sea Eagle", que nesta altura estava supertripulado de americanos. O ex-"Montevideo" zarpou para Cabo Frio e lá desembarcou 800 escravos.

O "Sea Eagle" foi então despachado para Vitória, Espírito Santo, com as tripulações americanas do "Agnes" e do "Montevideo". No entanto, em Vitória, o cônsul Souto havia sido destituído de suas funções e, por isso, o "Sea Eagle" ao chegar não pôde, desembarcar as tripulações dos outros navios em Vitória, que era seu porto de destino(53). Nota do Autor

O "Sea Eagle" foi obrigado, por isso, a seguir viagem para o Rio, onde Souto foi preso e os marinheiros americanos envolvidos na tramoia enviados aos Estados Unidos, depois de prestarem seus depoimentos, sob juramento, na Legação americana.

Wise, depois de relatar inúmeros detalhes, segue argumentando a Hamilton-Hamilton: "Os produtos e o crédito dos negociantes e industriais britânicos são estendidos liberalmente aos mercados portugueses e brasileiros a prazo longo"... "As mercadorias britânicas a que me refiro são embarcadas em um, ou mais navios, e destinadas a um certo número de pequenos negociantes do retalho, cerca de 20 ou 30 por vez.

"É voz corrente que, se tais navios forem capturados ou destruídos, os comerciantes britânicos sofrerão, sendo essa a razão de os cruzadores britânicos também deixá-los passar, e o governo britânico nada fazer para deter o embarque de escravos na África; pois deseja, na realidade, monopolizar o comércio africano e excluir os Estados Unidos desse comércio..."

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