O caráter sumamente singular do pensamento liberal americano, em sua trajetória para incorporar-se à prática da democracia, de maneira alguma invalida a existência de outras realidades que não se inserem perfeitamente neste mecanismo, onde a vocação proselitista dos Estados Unidos em relação a outras nações do continente foi estimulada em diferentes graus, de acordo com o crescimento da nação do norte.
Houve, de fato, uma alteração na senda do pensamento americano, vinculado à ideia de redenção da humanidade ao tempo dos protagonistas da Revolução. O ideal de crescimento e pujança isolada da contaminação da Europa deve ter preocupado àqueles que desejavam ardentemente realizar, sem embaraços, a experiência liberal perfeita no Novo Mundo.
Ainda que levadas em conta todas estas transformações, não é possível ignorar o proselitismo contido na mente de homens que sonhavam republicanizar o Canadá em 1815, ou consolidar a ideia de unir, sob os mesmos ideais americanistas, o continente americano em 1823, contra as investidas da Europa.
Seu sentido de "missão", que de mundial se teria transformado no "separatismo quase hebraico(8)", Nota do Autor na realidade desembocou num "americanismo" que, em essência, possuía raízes longínquas em sua índole, nada possuindo de "separatista", pelo menos em relação ao mundo americano. Expressou-se muito cedo no século XIX, através da declaração de Monroe, declaração de defesa do Novo Mundo contra a Europa, negação peremptória à intromissão europeia e ação evasiva quanto a transformá-la em socorro decidido aos que procuraram seu auxílio direto(9). Nota do Autor
Americanismo indisfarçavelmente proselitista, foi incrementado consistentemente pelos Estados Unidos com muitos outros atos inequivocamente deliberados no sentido de minimizar a influência europeia; sem feri-la frontalmente no Brasil, apegado à monarquia. Seus mais ativos focos de observação na América Latina foram obviamente Rio de Janeiro, Havana, Prata e Chile, e seus centros de articulação nos Estados Unidos, Boston, Baltimore, Filadélfia e Nova Orleans.
Daqui, do Rio de Janeiro, os Estados Unidos coordenavam seus agentes mais à vontade, seus interesses comerciais, enfim, sua política sul-americana. Desafiaram os que a ela se opunham. Não lutaram no alvorecer do século XIX para subtrair o Brasil