à influência britânica. Tramaram contra ela em termos econômico-financeiros a longo prazo e em termos de ação política, de forma rigorosa embora sutil, sem a menor perda de tempo.
Nesse Império, trincheira do regime monárquico, onde Condy Raguet cuidava ouvir "as passadas da monarquia europeia" apertando o cerco da recolonização no Novo Mundo, os norte-americanos tomaram posição muito cedo, mandando para cá homens de categoria, capazes de ajudar os gabinetes em Washington a fazer decisões, ou de até mesmo tomá-las por iniciativa própria. Da qualidade dos diplomatas destinados ao Brasil, as escolhas de William Tudor e William Hunter foram apenas paradigmas de uma expressiva linha política seguida à risca pelo governo.
A formação do Diplomatic Bureau em 1836, com a designação do mesmo William Hunter para coordenar os esforços dos Estados Unidos na América do Sul, quando Hunter já era encarregado de negócios no Brasil, é prova da importância da coordenação feita daqui, desempenhada com rara habilidade por um dos homens mais categorizados com que o Departamento de Estado contou na época. Destiná-lo ao nosso país já foi medida plena de significação. Investi-lo da função que, na realidade, a começar com Thomas Sumter seus antecessores já desempenhavam, reforça sobremaneira a sugestão de ser o Brasil, desde o início do século XIX, a cunha a partir da qual os Estados Unidos pretenderam armar sua política sul-americana. Política baseada fundamentalmente em tentar barrar a preponderância da Grã-Bretanha, essencialmente procurando perturbar a sua condição de virtual metrópole brasileira, condição mais evidente até 1844, durante o período aqui focalizado.
Os incentivos para um tal procedimento dos Estados Unidos não só foram múltiplos como variavam com o próprio desenvolvimento do País e com a evolução de sua política e economia. Assim há períodos em que os Estados Unidos parecem mais claramente empenhados nesse afã, tais como: 1808-1815; 1817-1820; 1822-1823; 1828-1831; 1831-1837; 1841-1844 e de março de 1848 em diante, até 1850.
Basicamente, tanto desejo de autoafirmação nacional como necessidade de sobrevivência econômica mesclaram-se de tal forma nos meandros da política norte-americana durante esse período, que é bem difícil sugerir ordem de prioridade em seus objetivos.
Dada, porém, a circunstância de serem ainda os Estados Unidos uma nação em crescimento, embora esse crescimento já viesse com vigorosa pujança, não se pode pensar em termos de concorrência econômica com a Grã-Bretanha ou de rivalidade propriamente ditas. Não em começos do século XIX. Não até mesmo bem longe, em meados daquele século.